Por Edmilson Alves
Existe um velho ditado popular que diz que “o uso do cachimbo entorta a boca”. Isso é uma verdade absoluta. Olha como o mundo dá voltas e corrobora a Lei do retorno, máxima apregoada pela doutrina espírita: se planta flor, naturalmente colhe flores, se planta tempestade irá colher raios.
O atual governador de Goiás venceu sua primeira eleição, em 1998, usando como plataforma o desgaste político de Iris Rezende, que aquela altura tentava seu terceiro mandato. A propaganda eleitoral de Perillo, à época, teve como mote o deboche e o cômico. Para dar vida a sua estratégia de campanha, usou o ator global Pedro Bismark, que explorou a exaustão o personagem caipira e caricato “Nerso da Capitinga”. No quadro, o personagem debochava da oposição usando uma panela de ferro, a conhecida “panelinha”, para comparar e expor a vida e a família de Iris Rezende. Na mensagem, a campanha de Perillo incutia no eleitorado a ideia de que a perpetuação do PMDB no governo estadual, curiosamente os mesmos 16 anos de Marconi, representava, antes de mais nada, o aparelhamento do estado e o loteamento de cargos na administração pública.
De 1998 a 2016 já se passaram 18 anos e o que era “Tempo Novo” envelheceu e o seu legado é o pior possível. Aquele discurso moralizante caiu por terra, e o quadro cômico de Pedro Bismark, ou Nerso da Capitinga, bem que poderia ser usado para ilustrar o atual governo e sua turma. Tudo que foi condenado por Perillo naquela época como arcaico e nocivo aos interesses da administração pública aconteceram, de fato, no seu governo. As caras sãos as mesmas de 16 anos atrás e os escândalos pipocaram: Operação Monte Carlo, Agetopão, quebra da Celg, recordes dos números da violência, são alguns dos ingredientes de um “panelão” que cozinha, em fogo brando, um prato indigesto para os goianos.
Diante desse quadro e com tantos amigos no “panelão” da administração goiana, há de se perguntar: o uso do cachimbo teria deixado Marconi Perillo com a boca torta?
Edmilson Alves é comerciante, ex-editor do Jornal Tribuna Campeineira, ex-diretor do Clube do Povo em Goiânia.