Pouco mais de três meses depois de assumir o Governo de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM) enfrenta grande desgaste político por não ter quitado o salário de dezembro dos servidores estaduais, obrigação negligenciada pelo ex-governador José Eliton (PSDB), e vê despencar sua popularidade, a qual o levou a vencer as eleições de outubro próximo passado com mais de 60% dos votos válidos, ainda no primeiro turno.
Com rombos financeiros imediatos na ordem de R$ 6,9 bilhões, uma das primeiras medidas adotadas pelo democrata no comando do executivo goiano foi a decretação de estado de calamidade financeira, sobretudo para se precaver de futura responsabilização jurídica por eventuais descumprimentos de obrigações consignadas na Lei de Responsabilidade fiscal.
Vítima de um completo descalabro fiscal e financeiro, o Estado de Goiás enfrenta sérias dificuldades e não tem condições financeiras de fazer frente às enormes demandas da população, que foram, ao longo dos mais de 20 anos de domínio tucano, comprometidas pela incompetência, negligência e corrupção que tomou o Estado.
Os desgastes iniciais do governo Caiado tendem a se agravar, já que várias pautas impopulares devem ser enfrentadas pelo democrata, como o corte de pessoal, uma vez que os gastos com a folha está muito acima do que permite a Constituição. A reforma da previdência terá impactos imediatos na previdência estadual e pode, também, se tornar uma pauta indigesta para Caiado, que será obrigado a rever aposentadorias e, quem sabe, adotar a cobrança complementar para zerar um déficit que chega a mais de R$ 2 bilhões/ano.
Recuperação de ativos, cortes de incentivos fiscais, fim de convênios inviáveis com prefeituras, redução drástica dos gastos com propaganda e noticiário e o próprio parcelamento da folha de dezembro de 2018 são pautas que consomem muito rapidamente o capital político de um dos mais respeitados parlamentares que Goiás já conheceu.
Ronaldo Caiado não tem conseguido a compreensão de boa parte dos servidores e sua estratégia de continuar mostrando os rombos que vitimam a saúde financeira de Goiás, inclusive responsabilizando o governo anterior pela péssima situação do Estado, começa a ser duramente criticada pela imprensa goiana.
A verdade é que Caiado terá que se comportar como um verdadeiro estadista e um altruísta capaz de sacrificar todo o seu capital político para tirar Goiás da situação de calamidade que ora se encontra. Ronaldo Caiado deve, caso esteja mesmo disposto a devolver Goiás aos goianos, ter a consciência de que será julgado pela história e não por suas ações difíceis e impopulares como governador, já que seus eleitores, por imediatistas, demonstram que não estão dispostos a reconhecer as suas dificuldades à frente do Governo de Goiás.