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Política

PL nacional acena para Daniel Vilela e contraria ala radical do partido em Goiás

Vice-governador de Goiás teria participado de dois encontros com Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente nacional da legenda, no final de novembro passado. A reunião teria sido organizada pelo vereador eleito de Goiânia Major Vitor Hugo, que é vice-presidente do PL no estado e amigo pessoal do ex-presidente

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Aliado e amigo pessoal de Bolsonaro, Major Vitor Hugo organizou encontro de Daniel Vilela com cúpula do PL nacional

A notícia de que o vice-governador de Goiás, Daniel Vilela, presidente do MDB goiano, teve um encontro reservado com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, no final de novembro passado, mexeu com o humor dos liberais goianos, principalmente com aqueles representantes da ala mais radical do partido, a exemplo do deputado Gustavo Gayer e do presidente da legenda em Goiás, senador Wilder Morais. A reunião entre o emedebista e a cúpula do PL nacional foi organizada pelo vereador eleito de Goiânia Major Vitor Hugo, que é também vice-presidente da legenda em Goiás e desafeto de Gustavo Gayer.

Indignados com uma possível aproximação de Bolsonaro com Daniel Vilela, que deve assumir o governo de Goiás em abril de 2026 e tentar a reeleição em outubro do mesmo ano, os líderes do PL em Goiás, Gayer e Wilder, divulgaram nota em que repudiam a atitude de Vitor Hugo e o ameaçaram, inclusive, de expulsão, caso insista em tomar decisões individuais que contrariem os interesses do partido em Goiás. Segundo o senador, o PL terá candidato próprio em Goiás nas eleições de 2026.

Na nota, o presidente do PL goiano diz que não autorizou Vitor Hugo a estabelecer diálogos com adversários em âmbito estadual e que não irá tolerar novas condutas como essas protagonizadas pelo correligionário.

Em resposta às ameaças, Major Vitor Hugo divulgou vídeo em que diz que não precisa de autorização de quem quer que seja, a não ser do próprio ex-presidente, para estar e conversar com Bolsonaro, nem tampouco de organizar reuniões políticas com o ex-presidente. O agora vereador de Goiânia ressaltou, ainda, que Jair Bolsonaro recebeu Daniel porque nutre por ele grande respeito e admiração, caso contrário não o receberia. “Ele, inclusive, presenteou o Daniel com a medalha 3i, “honraria” que ele dá apenas para quem ele admira”, frisou Vítor Hugo.

Já Daniel Vilela afirmou ao blog da Fabiana Pulcineli que é aberto a todas as conversas e que “bateu um papo descontraído com o ex-presidente, de quem foi colega na Câmara”. O vice-governador afirmou que ainda é cedo para qualquer acerto sobre 2026. Ressaltou ainda que Caiado tinha conhecimento e autorizou a conversa.

Dissensão

A briga entre lideranças do PL goiano tem suas raízes fincadas na intransigência e radicalismo do deputado federal Gustavo Gayer, dizem analistas e integrantes do próprio partido. Em privado, correligionários sustentam que com Gayer é impossível se falar em pragmatismo. Com isso, dizem, o radicalismo de Gayer aprofunda o isolamento do partido e, a exemplo do que aconteceu em Goiânia e Aparecida de Goiânia nas últimas eleições municipais, empurra o PL para derrotas que têm consequências direta no projeto futuro do seu presidente em Goiás.

O próprio Vitor Hugo chama atenção para o desempenho modesto do PL em Goiás nestas eleições municipais. O partido de Wilder Morais venceu em apenas 27 municípios goianos, quando a base governista de Caiado e Daniel conseguiu eleger mais de 200 gestores municipais.

Para analistas, comportamento como o de Gayer impede que o PL de Wilder Morais construa alianças capazes de viabilizar uma candidatura competitiva em 2026 – o senador tem a pretensão de concorrer ao governo de Goiás -, ou para 2030. A avaliação é que, diante do discurso extremista do correligionário de Wilder, é possível que o liberal chegue em 2026 sem nenhum dos 27 prefeitos eleitos pela sigla este ano, já que os gestores municipais terão, inevitavelmente, que manter uma boa relação com o governo estadual, o que seria impossível diante do radicalismo e intransigência defendida por Gayer.

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