O comportamento republicano e democrático do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), demonstrado desde o fim do segundo turno das eleições, e, principalmente, sua reação aos episódios golpistas do último dia 8 de janeiro, são atitudes que não passaram despercebidas pelo governo do presidente Lula, a ponto do governador goiano ter merecido um agradecimento público do presidente pela ação efetiva das forças de segurança de Goiás durante os atentados às sedes dos três poderes.
Do encontro de Lula com os 27 governadores de estados e do DF, ocorrida no último dia 27 de janeiro, a imprensa nacional destacou o comportamento e o protagonismo de Ronaldo Caiado, tido, até então, como um adversário histórico do petismo em Goiás. A capacidade de articulação do chefe do executivo goiano e sua liderança natural exercida dentro do Consórcio de Governadores chamou a atenção da ala política do governo federal, que enxergou no governador goiano uma peça importante para a retomada da boa relação entre a presidência da República e os entes federados, relação que estava deteriorada diante da polarização que viveu o país nos últimos quatro anos.
Em entrevista aos maiores veículos de comunicação do país, a exemplo da Rede Globo, Ronaldo Caiado deixou claro que compreende o papel que todos os democratas devem exercer neste momento de instabilidade causada por ataques às instituições democráticas, independente da ideologia política, e fez um discurso robusto em defesa da democracia e das instituições.
“Não se governa com posições extremadas. Se governa pelo bom senso, pelo equilíbrio. Isso é a política. Uma coisa é a campanha eleitoral. Não é possível manter o mesmo nível de discussão, sendo que isso já foi decidido pela população. Agora, o povo quer que a gente leve resultados”, ponderou Caiado.
Em defesa de pautas importantes para o Estado e com vistas a estabelecer com o governo Federal alianças que o permita realizar as principais promessas para o segundo mandato, como romper com o ciclo da pobreza no Estado, Caiado se colocou também como um porta-voz dos demais governadores, principalmente na agenda de recomposição da perda de ICMS com a redução de alíquotas para combustíveis e telecomunicações, uma pauta comum entre todos os governadores.
Ainda segundo a imprensa nacional, aliados próximos do presidente Lula viram gestos de grandeza política de Ronaldo Caiado quando ele reconheceu de imediato os resultados das urnas e o fim das eleições. Para o governador goiano, Lula acerta quando faz questão de sinalizar que a campanha eleitoral está encerrada, num aceno de que desceu do palanque e anunciando que irá governar em parceria com os estados.
Para analistas políticos, o início da relação administrativa do governador de Goiás com o governo do presidente Lula não poderia ter sido melhor. Muito longe de qualquer oposição extremada, Caiado e Lula demonstraram plena consciência dos seus papéis enquanto chefes de executivos, de respeito ao pacto federativo brasileiro e, sobretudo, à democracia. Segundo esses especialistas, pesou o fato de que Lula e Caiado têm pautas em comum, principalmente na área social.
“Da minha parte, quero que os governadores saibam que a porta do gabinete estará aberta, o telefone estará pronto para atender qualquer demanda. E que nenhum governador tenha qualquer cisma de telefonar. Precisa telefonar para cobrar aquilo que o governador entende que seja necessário”, afirmou o presidente depois da reunião com os governadores.