Entre em contato

Política

Radicalismo de Gustavo Gayer empurra Wilder e o PL para o isolamento em Goiás

Deputado bolsonarista, que foi alvo de operação da Polícia Federal, tem causado dissensão, inclusive, dentro do próprio partido e, segundo bastidores, seu comportamento extremista tem sido a dor de cabeça do presidente estadual do PL

Publicado

on

Presidido em Goiás pelo senador Wilder Morais, o PL teve participação modesta nas últimas eleições municipais

As eleições municipais de outubro último em Goiás acenderam a luz amarela no QG do Partido Liberal no estado. Presidido pelo senador Wilder Morais, a sigla, que abriga, em âmbito nacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi derrotada nas principais cidades goianas, inclusive nos dois principais colégios eleitorais do estado, pela base governista, liderada pelo governador Ronaldo Caiado (UB) e pelo vice, Daniel Vilela (MDB). Com pretensões eleitorais para 2026, Wilder conseguiu eleger apenas 27, dos 246 prefeitos de Goiás. Já a base de Caiado levou mais de 200 prefeituras.

Nos bastidores, é quase um consenso que a conduta do deputado federal Gustavo Gayer, um dos principais nomes do PL e aliado intransigente do ex-presidente, não tem ajudado o partido a ampliar sua base de apoio. Ao contrário, dizem os próprios correligionários do liberal, o radicalismo de Gayer aprofunda o isolamento do partido e, a exemplo do que aconteceu em Goiânia e Aparecida de Goiânia, empurra o PL para derrotas que têm consequências direta no projeto futuro do seu presidente em Goiás.

Em entrevista ao jornal O Popular, o ex-deputado Major Vitor Hugo, vereador eleito mais bem votado nas últimas eleições em Goiânia, admitiu que a base de Caiado saiu fortalecida do embate direto com o PL em Goiás e fez ressalvas ao desempenho do partido nestas eleições. “Não foi excepcional”, frisou. O agora vereador é um dos desafetos de Gustavo Gayer dentro do PL. Os dois, inclusive, chegaram a se acusar mutuamente, e há vídeos na internet de Vitor Hugo acusando Gayer de ser um desagregador.

Para analistas, comportamento como o de Gayer impede que o PL de Wilder Morais construa alianças capazes de viabilizar uma candidatura competitiva em 2026 – o senador tem a pretensão de concorrer ao governo de Goiás. Os especialistas avaliam, ainda, que, diante do discurso extremista do correligionário de Wilder, é possível que o liberal chegue em 2026 sem nenhum dos 27 prefeitos eleitos pela sigla este ano, já que os gestores municipais terão, inevitavelmente, que manter uma boa relação com o governo estadual, o que seria impossível diante do radicalismo e intransigência defendida por Gayer.

Recentemente, o governador Ronaldo Caiado, ao comentar a vitória nos principais colégios eleitorais de Goiás contra candidatos do PL, enfatizou que a política está voltando para seu curso normal, onde o conteúdo das propostas voltam a ter o peso que sempre tiveram, suplantando as fake news e os factoides digitais.

“A política agora, você viu, voltou a ter uma ideia de conteúdo, não é? Então isso é que passou a ser importante. A tese de fake news e digital, essas coisas todas, baixou a bola e o cidadão passou a ver gestão”, explicou. Para Caiado, as eleições municipais acabaram por consolidar Wilder como adversário político e adiantou que o liberal não vai encontrar um cenário favorável nas eleições em Goiás em 2026. “Daniel Vilela será reeleito governador”, apostou o governador.

Operação da PF

O deputado Gustavo Gayer foi alvo de uma operação da Polícia Federal, deflagrada em outubro último, que apura suspeita de desvio de dinheiro de cota parlamentar. Segundo relatório da PF,  ficou identificado com nitidez que Gustavo Gayer era quem dava a última palavra sobre onde e como seriam alocados os recursos supostamente desviados da sua cota parlamentar.

De acordo com a autoridade policial, foi o deputado quem engendrou as medidas que possibilitaram contratar a empresa “Goiás Online”, de propriedade de João Paulo, cuja finalidade era remunerar o assessor, já que ele não reunia condições legais para ser admitido como tal pela Câmara dos Deputados.

Ainda segundo a Polícia Federal, para além dos desvios em favor de João Paulo, que teria recebido ao menos R$ 24 mil, existem indícios que Gustavo Gayer pode ter empregado recursos públicos, de cota parlamentar, destinados a arcar com aluguel de gabinete parlamentar, que era usado também para o funcionamento de sua empresa particular.

A investigação aponta, ainda, que o deputado goiano teria criado uma Organização Social de Interesse Público (OSCIP) para desviar recursos da sua cota parlamentar, utilizando crianças de 1 a 9 anos como parte do quadro societário. Para analistas, este ato não apenas representa um grave crime, mas também contraria os conceitos cristãos e os valores da família tradicional que Gayer frequentemente defende.

Copyright © 2020 - Nos Opinando - Liberdade de opinião em primeiro lugar.