A hipocrisia é a “virtude” dos políticos sem lastros ideológicos e morais. Dando de ombros para os graves fatos que atingiram o poder legislativo estadual goiano e o escândalo do padre fantasma que há 20 anos recebia da Assembleia sem a contrapartida da prestação dos serviços, a Câmara Municipal de Goiânia, em solenidade de comemoração dos dez anos da Nova Central Sindical, realizada ontem, 28/07, homenageou dezenas de sindicalistas, entre eles, o Padre Luiz Augusto Ferreira da Silva, denunciado pelo Ministério Público por peculato e improbidade administrativa.
A iniciativa foi do vereador Tayrone Di Martino (sem partido) que justificou a sua proposta dizendo que o padre Luiz Augusto mereceu a “comenda” porque sempre se colocou à frente, em defesa dos interesses dos trabalhadores, dos pobres e dos menos assistidos, comprometido com as causas trabalhistas, sociais e cristãs.
Para Tayrone Di Martino, expulso do PT por infidelidade partidária, as graves denúncias que pesam sobre o homenageado não têm a menor importância. Na ótica de Di Martino todos os pecados do padre estão perdoados, já que o peculato praticado por ele tinha destinação nobre: trabalho social e espiritual aos “doentes do corpo e da alma”.
A hipocrisia dos políticos, que são capazes de conceder “honra ao mérito” a quem está denunciado à justiça por se apropriar de milhões de reais do erário, contribuindo para que milhares de pessoas morressem ao longo dos anos vítimas da falta que esses recursos fizeram na saúde, na educação e na segurança pública, é de estarrecer.
Se condenado nas ações que responde pelos crimes praticados contra o patrimônio público, o Padre Luiz pode ser compelido a devolver quase R$ 18 milhões aos cofres públicos.
