Em meio a uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) instalada na Câmara e a difícil relação com o legislativo municipal, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), anunciou a troca de dois secretários municipais, abrindo espaço para aliados que compõem a CEI. Ao relator da comissão, vereador Thialu Guiotti (Avante), o prefeito entregou o comando da Secretaria Municipal de Esportes, e a Paulo Henrique da Farmácia (Agir) foi dada a Secretaria Municipal de Inovação, Ciência e Tecnologia. O primeiro indicou Danilo Rabelo, e o segundo, o seu pai, Paulo César da Silva. Com isso, deixam o Paço os agora ex-secretários Álvaro Alexandre, o Alvaro da Universo, e Hemmanoel Feitosa.
Com o objetivo de ganhar fôlego que o permita ao menos se lançar candidato à reeleição, Rogério Cruz abriu diálogos com outras siglas, a exemplo do PP, de Alexandre Baldy, e o PDT dos deputados Flávia Morais e George Morais. Também, segundo já divulgado na imprensa, o prefeito deu ao presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Romário Policarpo (Patriota), a primazia de indicar o titular da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM). Policarpo tem sido um dos principais críticos da gestão de Cruz, mas nega rompimento com o prefeito. A relação entre os dois desandou desde que Romário suspeitou que o Paço teria avalizado a ação judicial que visava lhe tirar o terceiro mandato de presidente da Câmara. Uma ADI chegou a ser protocolada no STF, que entendeu constitucional a eleição do atual presidente.
A pouco mais de um ano da eleição, com aprovação da sua gestão marcando 27%, segundo pesquisa Direct, divulgada recentemente, e reprovação acima de 63%, Rogério Cruz sente o cheiro de queimado no seu projeto de reeleição. Alçado a prefeito da capital com a morte do titular, Maguito Vilela (MDB), vítima da Covid-19, o republicano tem mostrado dificuldades para execução do seu orçamento. Nos dois primeiros anos da atual gestão municipal, o Paço conseguiu empenhar coisa de 30% dos recursos previstos para investimentos, o que na prática culmina com obras inacabadas e transtornos para a população.
Analistas avaliam que as trocas de secretários e a acomodação de partidos aliados na gestão municipal têm o objetivo de estancar a pressão política que o prefeito sofre do parlamento municipal, mas pode, por outro lado, ter consequências indesejáveis na execução dos serviços públicos, como a baixa produtividade e o travamento de ações imprescindíveis para a população, o que seria ainda mais nefasto para as pretensões eleitorais de Rogério Cruz.