O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), foi o entrevistado do programa Pânico, da Jovem Pan, na tarde desta segunda-feira(14/08). Entre os vários temas abordados em mais de uma hora de entrevista, o gestor goiano declarou que vai pleitear a pré-candidatura a presidente do Brasil em 2026 dentro do seu partido, o União Brasil. Caiado, ao lembrar sua primeira candidatura a presidente da República, em 1989, disse que, com toda sua experiência, percebe que a população está em busca de alguém que tenha independência moral para governar o país e que tenha demonstrado competência e capacidade de gestão.
“Eu aprendi muito com aquela derrota. Tive a capacidade de debater com os principais nomes da política nacional. Hoje, porém, o que eu enxergo neste momento é que a população está atrás não é daquele cidadão que fica desenhando cenários que nunca implantou, ou seja, aqueles teóricos de papel. Então, eu vejo que a população busca o quê? Quem tem independência moral para governar, quem tem capacidade de, ao chegar no governo, colocar rumo na gestão”, ponderou.
Caiado avalia que todo grande partido brasileiro, a exemplo do União Brasil, deverá lançar um candidato à sucessão do presidente Lula, em 2026, e que vai pleitear, dentro das discussões partidárias e no momento oportuno, a sua pré-candidatura à chapa majoritária. “Todo partido terá um candidato, e, como todos sabem, eu sou de um partido, que é um partido grande, que terá pré-candidato também. Lógico que eu vou pleitear, dentro dessa discussão, uma pré-candidatura, lá em 2026”, explicou.
Embora reconheça que a direita possua nomes relevantes e que, em tese, estejam melhores cotados para ocupar o espaço existente, principalmente depois que Jair Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, a exemplo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, Ronaldo Caiado disse que tudo vai depender da sua própria capacidade de debater dentro de um processo de campanha eleitoral, e de tudo aquilo que ele realizou enquanto governador e que possa ser mostrado à população.
“De fato, o Tarcísio (de Freitas) saí lá na frente. É um bom gestor, é inteligente, governa o maior colégio eleitoral do Brasil; o Zema é o terceiro maior colégio eleitoral do país, é de um estado por onde passa a política. Agora, a candidatura propriamente dita ela vai depender como vai ser o caminhar da carruagem. Obviamente, vão sair vários candidatos. A partir daí você vai vendo quem está deslanchando na campanha. Tudo vai depender da nossa própria capacidade de enfrentar o debate dentro do processo, e, claro, de mostrar tudo aquilo que realizamos enquanto governador de Goiás”, avaliou.
Bolsonaro
Caiado reconheceu a força de Jair Bolsonaro enquanto cabo eleitoral e disse que é ingenuidade imaginar que os possíveis candidatos mais à direita do espectro político não queiram o apoio do ex-presidente, mesmo com ele inelegível até 2030 por força de decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Para o governador de Goiás, o próprio Bolsonaro deverá ter a habilidade de entender o cenário e avaliar qual dos pré-candidatos que buscam seu apoio terá efetivamente condições de levar o projeto adiante.
“Bolsonaro é um cabo eleitoral fortíssimo. Quem é que não quer o apoio dele? Agora, ele também vai ter a habilidade de perceber – porque não é apenas uma mão sobre um nome – se essa candidatura tem musculatura e coluna vertebral para suportar e disputar a campanha eleitoral com possibilidade de vencer o pleito. Não é jogo de amador”, frisou, ressaltando que sabe fazer política na sua essência.
Para Caiado, o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, será candidato à reeleição em 2026. Na sua concepção, quem está no exercício do cargo não vai abrir mão da prerrogativa de disputar um novo mandato, já que a legislação assim o permite. “Se tem um candidato para 2026 que é certeza, esse nome é Lula”, cravou. O governador goiano disse, também, que a política o ensinou a valorizar e respeitar seus adversários. “O grande erro na política é quando você tá muito de “salto alto”, achando que já ganhou. Adversário é adversário, e campanha é no dia”.
Sobre a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, Caiado manteve o discurso republicano que tem adotado desde o fim das eleições presidenciais de 2022. Segundo ele, essa é uma decisão do TSE e que precisa ser respeitada, ainda que se discorde dela. Reivindicando sua experiência de vida, Caiado disse que, dentro de um estado democrático de direito, só será possível mudar o perfil de um estado ou de um país, se houver habilidade para conversar com todos os poderes.
“Nós podemos não concordar com as decisões judiciais. Isso é prerrogativa nossa. Mas é preciso respeitar as regras do processo democrático. Se você diz ‘o Senado está omisso em não avaliar o comportamento do Judiciário’, tudo bem. Mas é o Senado que tem essa prerrogativa. Nós não podemos transferir essa responsabilidade para A ou para B, porque, quando fazemos isso, nós damos aos nossos opositores o direito de discutir sobre se somos proprietários de um bem ou não, por exemplo. Então, se discordamos de algo, vamos trabalhar, vamos conversar, vamos buscar meios para que haja convergência das normas constitucionais”, ensinou.