Desde 2008, ainda no Governo de Alcides Rodrigues, o ingresso na polícia militar do Estado exige nível de escolaridade superior. Essa também é a exigência para o ingresso na carreira de policial civil. Pressionado pela opinião pública e pela necessidade de se aumentar o efetivo da PM-GO e da Polícia Civil, Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás, anunciou concurso público para provimento de 3 mil vagas, sendo 2,5 mil para a polícia militar e 500 para a polícia civil. De início cogitou-se exigir apenas o nível médio de escolaridade para o concurso, mas, devido a repercussão negativa da medida, foi mantido o nível superior.
Não obstante, embora mantido o nível superior de escolaridade, o salário a ser pago aos novos policiais é irrisório: R$ 1,5 mil reais será o salário inicial dos novos integrantes das duas polícias. O salário inicial de um soldado PM 2ª classe atualmente é de R$ 4.285,00. Com descontos, o novo policial deve receber algo em torno de R$ 1,250 mil de salários para enfrentar a violência absurda que assola Goiás. O baixo valor da remuneração chama a atenção de especialistas da área de segurança.
Oficiais da PM-GO, ouvidos pelo Blog, mostraram-se absolutamente decepcionados com a notícia. Para os comandantes, será um verdadeiro golpe contra a instituição Polícia Militar e que terá consequências danosas para policiais e cidadãos. O consenso é que o salário inicial prometido pelo Governo será um grande empecilho à admissão de bons profissionais e um convite à prática da corrupção policial no Estado. “É ingenuidade achar que um policial vai se arriscar pelas ruas das cidades por um salário de fome desse, enquanto seu colega de farda recebe até 3 vezes mais”, disse um policial, que por motivos óbvios pediu para não ser identificado. Segundo o agente da lei, isso será um verdadeiro retrocesso aos avanços já conquistados pela corporação, que, através da formação de seus agentes e um salário entre os maiores do Brasil, mesmo com o baixo efetivo da tropa, tem conseguido prestar um bom serviço à população, conquistando, ano após ano, o respeito do cidadão.
O Governo alega que com horas extras o novo policial poderá receber até R$ 3,5 mil por mês, mas isso é mera especulação. A sobrecarga de trabalho, que o obrigaria a uma jornada sobre-humana, levaria a desestabilização emocional do policial o que colocaria em risco a sua própria vida e a dos cidadãos goianos.