O governador Ronaldo Caiado afirmou, de forma categórica, na manhã desta quinta-feira, 14/05, que um novo decreto contendo medidas restritivas de isolamento social no Estado só será publicado quando houver consenso em relação ao tema e a adesão de pelo menos 70% da população goiana, a exemplo do que ocorreu com a normativa editada em 12 de março. Contudo, assegurou que o diálogo continua para encontrar alternativa ao crescente número de infectados pelo coronavírus no Estado: “Estamos construindo alternativa para nossas cidades”.
“Não vou decretar nada que não esteja em sintonia com a sociedade e com as lideranças de nosso Estado. Se não tivermos remando no mesmo sentido, não teremos sucesso no enfrentamento ao coronavírus. Essa decisão é solidária, precisa ser da comunidade, das lideranças, de todos, porque sabemos que, sem conscientização, ela não será cumprida”, ressaltou Caiado.
Caiado deixou claro que diante do novo cenário que começou a se configurar no Estado, ele intensificou as reuniões, por videoconferência, com prefeitos, empresários, autoridades religiosas e representantes classistas, para mostrar a importância de um novo decreto com medidas mais rígidas. O chefe do Executivo lembrou que a abertura gradual autorizada no dia 19 de abril foi desrespeitada por vários segmentos, o que ocasionou o crescimento do número de casos, principalmente na região do Entorno do Distrito Federal, onde não há nenhum leito de UTI para atender a mais de 1,2 milhão de goianos que ali vivem.
O governador também explicou que a normativa atingiria apenas 32 cidades, sendo 24 onde os números são mais críticos e oito municípios turísticos, pelo período de 12 dias, contados de 18 a 29 de maio. Depois ocorreria, novamente, a abertura gradual das atividades que não são consideradas essenciais. “É preciso solidariedade. No entorno, por exemplo, as pessoas contaminadas não poderão ser mais atendidas no DF, conforme determinação do governo distrital. Dizem que temos leitos sobrando, mas as pessoas se esquecem que há estrutura apenas em Goiânia; pessoas de outras cidades têm que vir para cá de ambulância”, pontuou Caiado, exemplificando ainda que, se um morador de Campos Belos, na divisa com Tocantins e Bahia, estiver com um quadro grave da doença, ele não chega com vida na capital por conta da distância. “Isso é desumano”, desabafou.
Tese de Pôncio Pilatos
Durante as entrevistas, o governador frisou, mais de uma vez, que também não aceitará a política de “lavar as mãos” frente a um problema tão grave, como o da pandemia, já considerada a maior crise sanitária do século e com grandes chances de se tornar endêmica, ou seja, de nunca ser erradicada completamente, como alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) no último dia 13 de maio.
“As consequências virão, sejam desemprego ou mortes, mas a responsabilidade também terá que ser assumida por todos. Não vou aceitar a tese de Pôncio Pilatos. Como governador, vou vocalizar o que a maioria estiver disposta a colocar em prática, mas vou continuar lutando pela vida”, advertiu Caiado. Ele ressaltou que não desistiu do decreto e que vai continuar conversando com as lideranças e com todos os Poderes constituídos para construir uma solução convergente em benefício dos mais de 7 milhões de goianos.