O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), disse à Folha de São Paulo que não está preocupado com possíveis reações entre seus apoiadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo fato de ter uma boa relação com o governo Lula. Na última semana, Tarcísio e Lula estiveram lado a lado para anunciar a construção do túnel entre Santos e Guarujá, no litoral paulista. O encontro foi marcado por momentos de descontração e elogios mútuos à forma como ambos se comportam do alto de seus cargos executivos.
Numa repetição do que tem defendido o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), outro nome da direita brasileira que desponta como possível candidato à Presidência da República em 2026, Tarcísio também defendeu a necessidade de manter uma relação republicana com o presidente Lula e seu governo, e disse não estar preocupado com a repercussão que o encontro tomou. Segundo o republicano, ninguém ganha nada em ter uma relação de confronto com o governo federal.
“Vamos trabalhar em estreita colaboração nos temas importantes. E não é nada diferente do que disse que ia fazer lá atrás. Sempre que fui perguntado sobre como seria a relação com o governo de oposição, eu disse que a relação seria republicana –e está sendo. Acho que todo mundo entende o papel do governador de São Paulo, pensando o melhor para o estado. A gente não ganha nada em ter uma relação belicosa com o governo federal. Queremos ter uma relação harmônica”, disse.
Quanto a Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas mostrou apreço por sua relação com o ex-presidente, de quem foi ministro da Infraestrutura, e disse que tem um carinho muito grande pelo liberal. “Foi um cara que me estendeu a mão e me abriu uma grande oportunidade. Se eu estou em São Paulo, é por causa dele. Tenho uma excelente relação, é um grande amigo e vai continuar sendo sempre”, pontuou.
Ronaldo Caiado
Governador mais bem avaliado do Brasil, segundo pesquisa Atlas/Intel, Ronaldo Caiado, outro expoente da direita brasileira, também tem se mostrado republicano quando o assunto é a governabilidade de Goiás e do país como um todo.
Primeiro governador a reconhecer o resultado das urnas após o término do segundo turno das eleições de 2022, Caiado tem mantido uma posição de respeito ao governo Lula, feito críticas pontuais e fundamentadas, sem, contudo, se aventurar numa oposição ideológica desprovida de elementos fáticos. Para o governador de Goiás, o brasileiro está cansado de posições extremadas, e ninguém aguenta mais a discussão beligerante que tomou a política brasileira.
“Sem dúvidas, haverá muitos pontos sobre os quais, eu e Lula, vamos discordar, mas dentro de uma maneira respeitosa, prevalecendo aquilo que a democracia nos impõe. A parte administrativa supera todas as outras”, ponderou.
Considerado um adversário histórico do PT, Ronaldo Caiado afirma que as divergências com Lula ficaram para trás, e, segundo ele, não restaram feridas dos embates mais acalorados que ambos tiveram enquanto protagonistas da política brasileira, principalmente quando o agora governador goiano liderava a UDR, movimento ruralista criado na década de 1980 e que se colocou em defesa da propriedade privada como garantia constitucional. Para Caiado, é preciso separar o processo eleitoral do governo em si, que exige uma parceria constante.
Sobre Bolsonaro, o governador de Goiás também reitera sua condição de aliado do ex-presidente e garante que, no caso de eventual candidatura a presidente da República, vai buscar o apoio do liberal para o seu projeto político nacional. Segundo Caiado, sua relação com Bolsonaro não é de agora, mas que não vai delegar ao ex-presidente a responsabilidade por sua pré-campanha, e que a construção dessa viabilidade política/partidária cabe exclusivamente a ele, Caiado.
“Trabalharei, sim, para ter o apoio dele [Bolsonaro] à minha candidatura. Acho que nenhum martelo está batido, ainda estamos em um processo de avaliar gestões e os cenários possíveis até 2026. Eu não posso transferir para ele a responsabilidade da minha pré-campanha. Eu preciso é fazer por onde merecer este apoio”, explica, lembrando que a direita brasileira, e o próprio bolsonarismo, conhecem os seus valores e as bandeiras que ele defendeu ao longo da sua vida pública.