A vereadora de Goiânia Aava Santiago (PSDB) foi criticada por suas declarações ao site Diário de Goiás, onde afirmou que o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, seria o herdeiro político natural do ex-prefeito e ex-governador de Goiás Iris Rezende Machado, morto em 2021, na região Noroeste da capital. Segundo Aava, depois de Iris Rezende, ninguém mais teve uma identificação tão forte com aquela parte da cidade quanto a que, na sua ótica, ocorre agora com Perillo.
No instagram do Diário de Goiás, internautas reagiram à entrevista da vereadora e criticaram sua tentativa de forçar uma relação que, na ótica dos admiradores do ex-prefeito Iris Rezende, não tem o menor sentido. “Muito longe da realidade essa associação”, disse o perfil identificado como Andreson Bezerra. “Com todo respeito ao ex-governador, mas na Noroeste ninguém vai ocupar o lugar do Iris, que é o único”, escreveu O Tutelar. “É uma falta de respeito comparar o Iris com o Marconi”, bradou NerildaImóveis. “Fala infeliz da vereadora. Marconi Perillo sempre será lembrado como inimigo do povo goiano”, citou BrunoBoaratti.
O perfil @victorhipolito15 disse que respeita alguns posicionamentos da tucana, mas foi duro nas suas críticas à vereadora. Ele lembrou que a região Noroeste não é espólio para ser herdado, “para estar em um inventário imaginário”. Hipólito sugeriu, inclusive, que Aava pedisse desculpas ao povo goianiense e à família de Iris Rezende por suas declarações.
“São vidas, são histórias de gente batalhadora que construiu aquilo com a força de um homem, Íris Rezende Machado, que entrou para o livro dos recordes como gestor público que mais construiu casas populares. E o seu amigo Marconi só está nas páginas policiais. Sua declaração é infeliz, descabida e triste, que ataca frontalmente não apenas o legado de Íris, mas do MDB e de sua família. Espero que tenha uma reflexão e peça desculpas pela infelicidade”, aconselhou.
Iris Rezende e a região Noroeste de Goiânia se confundem. Em 1983, primeiro ano do seu primeiro mandato como governador de Goiás, Iris Rezende realizou o maior mutirão humano da história e construiu, num único dia, mil casas, que deram vida à Vila Mutirão, hoje um dos principais bairros da região Noroeste.
Durante o seu segundo e terceiro mandatos de prefeito de Goiânia (2005-2010), Iris promoveu uma verdadeira revolução na região, mudanças estruturais e de desenvolvimento que transformaram aquela parte da cidade, cuidados que se repetiram no seu quarto mandato como prefeito (2017-2020). Essas ações consolidaram Iris Rezende praticamente uma unanimidade eleitoral naquela região de Goiânia.
Não se confundem
Quatro vezes prefeito da capital, Iris foi eleito por duas vezes (2004 e 2016) em oposição ao então governador Marconi Perillo, que, por seu lado, nunca conseguiu eleger um prefeito na capital. A relação aventada pela vereadora é rechaçada, também, pela diferença extrema estabelecida pela trajetória dos dois políticos.
Enquanto Iris encerrou sua vitoriosa carreira de 62 anos de vida pública recebendo as maiores honrarias possíveis, Marconi Perillo tenta retomar sua vida política, comprometida que foi pelas várias denúncias de corrupção que vieram a público por operações da Polícia Federal e Ministério Público Federal, a exemplo da Monte Carlo, em 2012, e Cash Delivery, em 2018, que, inclusive, o levou à prisão logo após o primeiro turno da eleição daquele ano. Além disso, acusações de que teria deixado rombos bilionários nas contas públicas do Estado ajudam a explicar o alto índice de rejeição de Perillo em Goiânia e em Goiás, fato que contribuiu com suas duas derrotas consecutivas em disputa para o Senado.
Recentemente, Marconi Perillo assumiu a presidência do PSDB nacional, um partido que vem se esvaziando ao longo dos anos, e hoje, com apenas dois senadores no Congresso, nada mais se parece com o partido que já teve o presidente da República por oito anos.
Em Goiânia, o PSDB lançou o jornalista Matheus Ribeiro, suplente de deputado federal, para concorrer à prefeitura da capital nas eleições de outubro próximo. A esperança é que o partido não repita o fiasco de 2020, quando teve menos de seis mil votos na disputa pelo Paço.
