Buscando uma forma de se reinserir no debate político goiano, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) tem aproveitado os espaços na imprensa para insistir num debate “cara-a-cara” com o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB). O tucano atua em defesa das suas gestões, muito embora os resultados dos últimos anos da sua administração, auditados pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás, vão de encontro com o que ele defende.
Enfrentando um grade passivo jurídico em virtude dos seus quase 16 anos à frente do executivo goiano, Marconi Perillo ainda lida com as dificuldades de explicar à população goiana o fato das suas contas de governo, referente a 2018, último ano da sua gestão, ter recebido do TCE-GO parecer prévio pela rejeição, em virtude, sobretudo, do grande desarranjo fiscal e financeiro observado ao final daquele exercício.
Em 2019, o plenário do Tribunal julgou parecer prévio pela rejeição das contas dos tucanos Marconi Perillo e José Eliton, apontando, entre outros ilícitos, que o resultado orçamentário e financeiro das contas de Perillo e Eliton foi de R$ 3,5 bilhões negativos. Somando-se os restos a pagar dos exercícios anteriores e, ainda, as despesas não empenhadas, acrescidos da indisponibilidade de caixa, a unidade técnica concluiu que, ao final de 2018, o rombo nas contas públicas do Estado foi superior a R$ 7 bilhões.
Entre as quase três dezenas de ações de improbidade administrativa que o tucano responde na justiça, uma delas diz respeito a não aplicação do mínimo constitucional da Saúde. Entre 2011 e 2017, segundo a ação do Ministério Público de Goiás, o tucano teria deixado de aplicar cerca de R$ 550 milhões em ações e serviços públicos de saúde, não alcançando, portanto, o mínimo de 12% da receita com impostos, como manda a Constituição Federal.
Mais de vinte ações de improbidade que tramitam contra o ex-governador na justiça de Goiás dizem respeito à suposta concessão irregular de incentivos fiscais, entre elas aquela que questiona a remissão de quase R$ 1 bilhão de impostos dados à empresa JBS/Friboi, em 2014.
A depender do cargo que o ex-governador do PSDB decida concorrer, será inevitável o debate público entre Marconi Perillo e Ronaldo Caiado, oportunidade que pode, sem dúvidas, trazer à luz outros temas que têm causado prejuízos à imagem do tucano, como, por exemplo, todo o imbróglio da venda da Celg-D, a maior estatal goiana, vendida por um valor tido como irrisório em 2016.