O PT goiano, de acordo com a avaliação de analistas da política goiana, cometeu um gravíssimo erro de cálculo e demonstrou absoluta incoerência quando se uniu a deputados da extrema-direita bolsonarista para defender os interesses de parte dos grandes do Agronegócio goiano, que eram contrários à criação do Fundo de Investimento em Infraestrutura em Goiás (Fundeinfra), uma contribuição optativa e temporária, de até 1,65%, incidente sobre alguns produtos agropecuários, como soja, milho, cana-de-açúcar, carnes para exportação e minérios.
Adriana Accorsi, eleita deputada federal nas últimas eleições, e Antônio Gomide, reeleito deputado estadual, se uniram aos bolsonaristas mais extremos para derrotar o projeto de autoria da Governadoria e atender os anseios de parte de um setor que pouco contribui para a receita do Estado. Na avaliação popular, o PT goiano macula sua história ao colocar suas digitais num movimento antidemocrático da extrema-direita goiana.
O posicionamento dos parlamentares petistas já era alvo de críticas nas redes sociais até por militantes históricos da própria legenda. Um dos motivos é que a contribuição do agro promove justiça tributária a um segmento que recebe diversos benefícios fiscais e responde por uma pequena parcela do Produto Interno Bruto (PIB) goiano. Para se ter uma ideia, dos R$ 40 bilhões de arrecadação anual, o setor agropecuário do Estado contribui com apenas R$ 506 milhões – 1,265%.
Para além do projeto de criação do Fundeinfra, a incoerência da bancada petista se situa, sobretudo, no fato de que aqueles que seriam, em tese, favorecidos pelos votos do PT são exatamente os mesmos que estão financiando atos golpistas contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do próprio PT. Para piorar a situação e deixar ainda mais evidente o equívoco de Accorsi e Gomide, o ônus político dos atos antidemocráticos vistos na Assembleia Legislativa de Goiás na última terça-feira (22/11), quando extremistas usaram de violência para invadir o plenário da Casa, agora recaem também sobre partido petista.
Após a invasão do plenário, em parte incentivada pelos próprios parlamentares bolsonaristas, os petistas se deram conta do que haviam ajudado a patrocinar. A dificuldade em aceitar a derrota – iminente no caso do projeto na Alego – é a mesma que mobiliza militantes do atual presidente a contestar a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva no 2º turno das eleições presidenciais.
A controversa decisão de Adriana Accorsi e Antônio Gomide de se posicionarem com desenvoltura ao lado de parlamentares de extrema-direita, em uma pauta que vai na contramão dos ideais do partido, é um indicativo de que a legenda em Goiás precisa se aproximar da pauta que move o PT a nível nacional. Lula venceu a eleição presidencial com o discurso e projetos absolutamente contrários à pauta abraçada pelos parlamentares goianos nesse episódio da Alego.
