O deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL), um dos principais representantes da extrema-direita brasileira, que tem sido acusado por professores de Goiás de perseguição, fez uma declaração um tanto quanto inusitada, até mesmo para os padrões do radicalismo bolsonarista. O deputado federal prometeu punir a sua própria filha, uma menor de 17 anos, caso ela tenha se saído bem na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja primeira parte foi realizada no último domingo (05/11).
“Eu falei para a minha filha de 17 anos que fez essa porcaria aqui no domingo, que se ela tiver tirado uma nota boa nisso aqui ela vai sofrer punição. Porque se uma pessoa tira uma nota boa nisso aqui, uma pessoa que se sai bem nessa abominação, já não é mais um indivíduo, é um avatar ideológico. É uma pessoa que nunca vai alcançar os seus reais potenciais, nunca vai conseguir pensar por conta própria”, afirmou Gayer.
A declaração de Gayer foi feita durante uma sessão da Comissão de Educação da Câmara, que ouviu o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios. Na audiência, Palacios disse que não demoniza o agronegócio e defendeu o instituto das acusações de viés ideológico na prova.
A reação dos internautas nas redes sociais demonstrou incredulidade diante das declarações do deputado. O perfil @MaraDalabilia, no antigo Twitter, escreveu: “Que gente doente. Hoje eu sinto medo de saber que elas estão pelas ruas, convivendo entre nós! Ao menos pra isso serviu o Bolsonaro, pra mostrar que estamos expostos a malucos de toda ordem. Correndo risco a todo momento! Deus nos proteja desses seres sem luz”. Luiz Osório tuitou: “Pra gente ver como o bolsonarismo pune o conhecimento e o bom desempenho e exalta a incompetência e a mediocridade”.
Os ataques de Gayer à educação brasileira, em especial ao ensino superior, e sua escalada contra professores considerados por ele como doutrinadores ideológicos, tem sido frequente. Diante disso, diversos professores de nível médio e superior no estado de Goiás relatam viver com medo de exercer a própria profissão. Essa onda de ataques à categoria preocupa as entidades de representação locais, que identificaram Gustavo Gayer como responsável por essa perseguição.
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