O Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Goiás, Lúcio Flávio, eleito com o discurso da mudança, da alternância e, principalmente, da independência da Ordem em Goiás, já que no mandato de Henrique Tibúrcio, que chegou a se filiar ao PSDB e coordenar a campanha de Perillo, a Ordem foi relegada a uma condição de subserviência ao Governo de Goiás, decepcionou, em entrevista à 730 am, boa parte daqueles que envidaram apoio à sua candidatura.
Chamado a opinar sobre a terceirização da gestão das escolas públicas estaduais às Organizações Sociais, Lúcio Flávio destoou daquilo que os principais atores envolvidos no imbróglio tem defendido junto a sociedade goiana. Para o novo presidente da OAB-GO, “vale a pena a experiência para ver se melhora o ensino”. Inacreditavelmente, Lúcio Flávio faz ouvidos moucos às várias manifestações contrárias à terceirização da educação advindas de importantíssimas academias de ensino, como Faculdade de Letras e Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, que emitiram notas públicas de repúdio à tentativa do Governo de privatizar as escolas estaduais.
Mostrando pouco conhecimento de causa no que tange a onda de terceirização que tomou o setor público do Estado, Lúcio Flávio citou pseudas melhoras na área da saúde para justificar seu ponto de vista. Incauto, o Presidente da Ordem goiana deixa-se levar pela propaganda do Governo de Goiás e talvez ainda não tenha se debruçado sobre os reais números da saúde goiana. Para mostrar o sofisma que representa a gestão por OS em hospitais públicos do Estado, vamos nos ater apenas ao caso do Hugo – Hospital de Urgências de Goiânia.
Antes de ser entregue à OS o Hugo havia feito 325.641 atendimentos ambulatoriais em 2011. Nos três anos seguintes, sob a administração da organização social, o Hospital fez, em média, 287.720 atendimentos da mesma natureza, algo em torno de 12% a menos, o que representa quase 40 mil pacientes/ano que deixaram de receber atendimento ambulatorial no hospital. Nesse período o contrato com o Instituto Gerir saltou de R$ 94 milhões para R$ 163 milhões. Enquanto o Governo vende a meia verdade de que a saúde pública melhorou no Estado, cerca de 40 mil pacientes se amontoam nos Cais espalhados pela cidade.
O que de fato se espera da OAB-GO é que acompanhe e questione os critérios usados pela administração estadual para qualificar como Organização Social aptas para a gestão da educação em Goiás, entidades com menos de 6 meses de registro jurídico e sem nenhuma experiência na área da educação, como é o caso da Ibraceds, cujo objetivo social principal é a atividade de gestão à saúde e Uti Móvel, além de não ter sede própria e pertencer a um empresário do ramo gráfico de edição de livros didáticos.