Em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, do jornal O Popular, os doutores em Ciência Política e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francisco Mata Machado Tavares e Denise Paiva, avaliam que é muito pouco provável que uma candidatura da extrema-direita encontre espaço num eventual segundo turno das eleições para a prefeitura de Goiânia, que serão realizadas em outubro próximo.
Para os especialistas, as eleições municipais guardam certa peculiaridade, se distanciando das pautas ideológicas que dominam o cenário nacional e se aproximando de temas locais mais caros à população, como infraestrutura, saúde, educação e assistência social.
De acordo com Tavares, um ano depois da tentativa de golpe patrocinada pela extrema-direita, já não há tanto espaço para esse discurso anticonstitucionalista, anti-estado democrático de direito, como havia cinco anos atrás. Em Goiânia, o nome que representa a extrema-direita, e que deve disputar o Paço em outubro próximo, é o do bolsonarista Gustavo Gayer, deputado federal pelo PL.
O professor doutor explica que apesar de todo extremismo, todo conservadorismo extremado que se atribui a outras regiões do Estado, na capital isso não reverbera da mesma maneira. Soma-se a isso, diz o especialista, o fato de que a própria direita, uma direita mais institucionalizada, joga com outros nomes, como é o caso da base do governador Ronaldo Caiado, onde despontam os pré-candidatos Bruno Peixoto (UB), presidente da Alego, e Jânio Darrot (MDB), ex-prefeito de Trindade por dois mandatos.
“Então, eu acho que o Gustavo Gayer é um nome que vai alcançar o seu percentual cativo, mas dificilmente chegaria a um segundo turno nas eleições para prefeito de Goiânia”, pondera Tavares.
Na mesma linha, Denise Paiva considera que o deputado federal do PL tem seus adeptos, mas que seria algo mais residual. Na avaliação da cientista política, Gayer teria o apoio de uma parcela do eleitorado, mas não teria estofo para chegar num eventual segundo turno, também porque, completa, o seu partido não tem mais o presidente da República.
Os dois entrevistados concordaram, ainda, que, desde as últimas eleições que disputou, muitas coisas sobre o passado de Gustavo Gayer vieram a público, fatos que não eram conhecidos e que são informações muito constrangedoras do ponto de vista de quem se coloca como defensor da família e dos bons costumes.