O grande esquema de corrupção operado na Saneago e desbaratado pelo Ministério Público Federal por meio da Operação Decantação, em setembro do ano passado, pode ser uma das causas do colapso no fornecimento de água para os lares de Goiânia e região metropolitana. Segundo a Polícia Federal, o dinheiro desviado da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) foi usado para pagar campanhas políticas, propinas a servidores do órgão e até uma Organização Social (OS) na área da saúde. A fraude chegou a R$ 4,5 milhões. Ainda de acordo com as investigações, a presidência e a direção da companhia sabiam de todo o crime.
Segundo o procurador da República Mário Lúcio Avelar, há indícios de que recursos públicos foram transferidos para o diretório do PSDB, para pagar dívida da campanha eleitoral e parte era distribuída entre agentes públicos e empreiteiras. Cerca de R$ 500 mil, segundo o MPF, teriam sido repassados à campanha de Marconi Perillo, governador de Goiás, em 2014 e outros R$ 1 milhão teriam abastecido o diretório estadual do PSDB. Trinta e cinco envolvidos no esquema foram denunciados à justiça, entre eles o então presidente da Saneago, José Taveira, e o ex-presidente do PSDB em Goiás, Afrêni Gonçalves.
Os desvios na estatal goiana podem ser um dos motivos para a falta de água que assola os goianienses desde o último sábado, 2 de setembro. Moradores de mais de 25 bairros denunciam falta de água nos últimos dias. A direção da empresa culpa o baixo volume de água do rio Meia Ponte e a captação irregular de água por proprietários rurais da região. O sistema produtor Mauro Borges, que é abastecido pela água represada do ribeirão João Leite ainda não entrou em operação, o que deveria ter acontecido há pelo menos 2 anos.