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Política

Fiasco das manifestações, vitória de Dino e aprovação do governo Lula expõem derretimento do bolsonarismo

Embora alguns representantes máximos do bolsonarismo ainda consigam manter uma efetiva presença nas redes sociais, a melhora dos indicadores econômicos, fato que tem mantido uma considerável avaliação positiva do governo Lula, e a desestabilização dos movimentos mais radicais da extrema-direita mostram um claro arrefecimento da polarização no Brasil

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Fiasco das últimas manifestações bolsonaristas apontam para o arrefecimento da militância mais radical da extrema-direita no Brasil

Mesmo depois de envolvimento maciço de bolsonaristas bem situados nas redes sociais, as manifestações da extrema-direita brasileira convocadas para o último dia 10 de dezembro fracassaram. Público bem abaixo do esperado frustrou as expectativas da ala mais radical do bolsonarismo, que tinha como proposta tentar influenciar a decisão dos senadores para rejeitarem a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal.

Além da baixíssima adesão popular às tais manifestações, a aprovação de Flávio Dino, a manutenção da avaliação positiva do presidente Lula em patamares bem superiores àqueles alcançados por Jair Bolsonaro em igual período de mandato, e os bons resultados da economia brasileira, inclusive com a baixa dos juros pelo Banco Central, apontam que o cenário da política no Brasil está experimentando um arrefecimento da polarização que vem dominando o país nos últimos anos.

Com Jair Bolsonaro inelegível até 2030, por força de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é natural, dizem os analistas, que as forças políticas busquem reacomodação, já que o principal nome da extrema-direita estaria impedido de disputar os próximos pleitos. Ainda que Bolsonaro continue com o capital político em alta, dizem esses especialistas, a transferência de votos, ou de liderança, não funciona exatamente como pedir voto para si mesmo. Nesse cenário, é natural que novas lideranças, com o intuito de se apresentarem como representantes da direita, façam seus próprios movimentos, às vezes à revelia de Jair Bolsonaro, como já vem acontecendo.

A expectativa de poder, que hoje Bolsonaro não tem a curto prazo, influencia o comportamento de pseudos aliados, como pôde ser visto na própria votação no plenário do Senado, que aprovou Flávio Dino para a cadeira no STF, e de outras matérias de interesse do Planalto, como a Reforma Tributária.

“Na política, o poder é exercido por quem de fato o tem. E a “caneta”, nesse momento, faz toda diferença. Aquele que efetivamente tem a “caneta” na mão acaba cooptando boa parte das forças políticas à sua volta, e quando aquele que está exercendo o poder tem apoio da população e expectativa de poder, aí a adesão se dá ainda de forma mais natural”, explicam. É o que tem ocorrido. Boa parte de parlamentares ligados ao grupo bolsonarista tem votado com o governo em matérias que chegam ao Congresso.

Apesar da grita dos bolsonaristas, que chamam de traidores aqueles que têm sido simpáticos às pautas do governo, o fato é que o eleitorado mais radical de Jair Bolsonaro está derretendo, ou, num análise mais sucinta, perdendo o ânimo. O julgamento dos envolvidos nos episódios do 8 de janeiro, que ocorre no STF, também é um motivo que tem contribuído para o arrefecimento da militância bolsonarista. Ao menos 20 pessoas que participaram da quebradeira dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, já foram condenados a penas que chegam a 17 anos. Nesta quinta-feira, mais 29 envolvidos na tentativa de golpe de estado começaram a ser julgados pelo STF.

A aposta é que o bolsonarismo chegue desidratado já nas eleições municipais do ano que vem, e não consiga se sustentar competitivo em 2026, embora as pautas mais caras à direita racional, com um discurso conservador mais equilibrado, tendem a continuar sendo exploradas nas campanhas eleitorais para a próxima eleição presidencial no Brasil, mas aí, num cenário de debates mais equilibrados, dizem os analistas políticos.

 

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