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Política

Fiasco do evento bolsonarista é a deixa para a direita tradicional retomar protagonismo

Manifestação convocada por Jair Bolsonaro para este domingo (16), na cidade do Rio de Janeiro, reuniu menos de 20 mil pessoas, enquanto aliados esperavam 1 milhão. Baixo público é visto como declínio do bolsonarismo e oportunidade para crescimento da direita no país

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Evento convocado por Bolsonaro reuniu 18,3 mil pessoas em Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (16)

O baixo número de pessoas que compareceram ao evento bolsonarista, realizado na manhã deste domingo (16) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, aponta declínio do capital político de Jair Bolsonaro (PL), dizem especialistas. De acordo com dados do Monitor do Debate Público do Meio Digital, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em parceria com a ONG More in Common, cerca de 18,3 mil pessoas estiveram no evento de Bolsonaro, menos de 2% do que esperavam os organizadores, que falavam na presença de 1 milhão de simpatizantes do ex-presidente.

O movimento teve o objetivo de pressionar o Congresso pela aprovação do projeto de anistia para os envolvidos no 8 de janeiro e  de mostrar força eleitoral de Bolsonaro para tentar influenciar o julgamento da denúncia de tentativa de golpe de estado, que foi apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o liberal, previsto para começar no próximo dia 25 na Primeira Turma do STF.

Mesmo com os esforços de figuras proeminentes do bolsonarismo, a exemplo do próprio Bolsonaro e seus filhos, o esvaziamento da manifestação de hoje aponta para uma indiscutível perda de capital político do ex-presidente e, na avaliação de especialistas, abre uma grande avenida para que a direita tradicional avance enquanto força política/eleitoral no cenário político brasileiro.

Até então, muitos políticos de direita vinham se abstendo de criticar abertamente a retórica de Bolsonaro e seus apoiadores, temendo perder apoio de uma base radical, mas que começa a dar sinais de distensão. Esse silêncio da direita genuína, sem dúvidas, acabou permitindo que discursos de ódio e desinformação se tornassem comuns na política, corroendo as instituições e ampliando os movimentos antidemocráticos e antissistema.

O medo de perder apoio eleitoral acabou inviabilizando o enfrentamento legítimo de atores da direita às atitudes radicais do bolsonarismo, e a ausência de um discurso claro e consistente que proponha alternativas ao radicalismo vem impedindo que essa direita racional e democrática ofereça uma visão de futuro que possa atrair eleitores desencantados com a extrema-direita de Jair Bolsonaro.

O que faltava, na visão de analistas, era justamente o sinal de que boa parte dos brasileiros entenderam que a extrema-direita não representa seus interesses e nem seus ideais conservadores. O baixo público reunido por Bolsonaro hoje mostra que o desejo por anistia, pregado pelo ex-presidente, não é de interesse da maioria dos eleitores, fato que é corroborado pelas pesquisas realizadas sobre o assunto.

O fiasco do evento convocado por Bolsonaro é um grito para que a direita tradicional assuma seu lugar dentro do espectro político nacional e, com coragem, se apresente como alternativa à esquerda, sem hesitar em condenar ações antidemocráticas e discursos extremistas do bolsonarismo.

 

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