Inelegível até 2030 por força de duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e agora réu em ação criminal que pode render-lhe até 42 anos de cadeia, possibilidade que, de acordo com a legislação atual, o baniria da política, Jair Bolsonaro insiste na tese de que será ele o candidato da direita a presidente da República em 2026.
Recentemente, em entrevista ao podcast “Inteligência Ltda”, o ex-presidente afirmou categoricamente, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um pretenso candidato à sucessão de Lula que espera herdar o espólio eleitoral do liberal, que “só passo o bastão depois de morto”. A fala de Bolsonaro foi uma resposta às várias opiniões de aliados, que entendem que o melhor para a oposição ao governo Lula seria Bolsonaro anunciar o seu sucessor, já que são ínfimas as chances dele conseguir reverter sua inelegibilidade.
Os próprios aliados de Bolsonaro avaliam que a sua insistência por uma candidatura própria em 2026 pode dificultar o surgimento de outros nomes viáveis, que possam representar o próprio bolsonarismo e a direita como um todo.
Lideranças desse espectro político entendem que a negativa de Bolsonaro, de acenar para a escolha de um sucessor do seu espólio político, representa um grande risco da oposição perder as eleições de 2026, já que, até que seja indeferida a pretensa candidatura de Bolsonaro, forçando-o a eleger um sucessor, pode não haver tempo hábil para construir uma candidatura capaz de derrotar o presidente Lula.
Ao mesmo tempo, dizem, essa demora na definição do ex-presidente acaba fragmentando a base bolsonarista, diminuindo o apelo eleitoral desse movimento.
Anistia para Bolsonaro não é tão simples
Para o professor José Ricardo Cunha, titular da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Bolsonaro só poderia se beneficiar de um anistia pela tentativa de golpe de estado após ser efetivamente punido pelo STF, e, se a anistia beneficiar só o ex-presidente, o Supremo pode ser acionado por a lei ferir o princípio da impessoalidade.
Se a anistia for restrita aos crimes do 8 de janeiro, também pode haver um questionamento jurídico, porque o plano de tentativa de golpe, segundo a denúncia da PGR, começou antes disso.
Mesmo com anistia, Bolsonaro continuaria inelegível
Não ocorrendo mudanças na chamada Lei da Ficha Limpa, mesmo com a anistia do Congresso, Jair Bolsonaro seguiria impedido de concorrer a presidente em 2026. A única forma dele reverter sua inelegibilidade seria ele ser anistiado também pelas condenações no TSE, o que é improvável.
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