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Política

PF investiga se Bolsonaro cometeu crime de genocídio contra povo Ianômami

Inquérito aberto pela Polícia Federal nesta quarta-feira (25/01) foi pedido pelo ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino. O ex-presidente pode ser responsabilizado se ficar comprovado que ele agiu de forma deliberada, por ação ou omissão, que concorreu para a situação de fome e morte que atingiu os indígenas

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O caso ianomâmi pode ser classificado como genocídio desde que haja comprovação do dolo. A PF investiga o crime e se houve participação do ex-presidente

A Polícia Federal abriu nesta quarta-feira (25/01) um inquérito para investigar se houve crime de genocídio, omissão de socorro e desvio de recursos na crise humanitária do povo Ianomâmi. A investigação foi instaurada a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino, que declarou na segunda-feira que há “indícios fortíssimos” de crime de genocídio contra a comunidade indígena. A apuração será conduzida pela superintendência da PF em Roraima, onde se localiza a maior parte da reserva indígena Ianomâmi.

“Mortes por desnutrição ou por doenças tratáveis, pouco ou nenhum acesso aos serviços de saúde, medidas insuficientes para a proteção dos ianomâmis, além do desvio na compra de medicamentos e de vacinas destinadas a proteção desse povo contra a Covid-19, conduzem a um cenário de possível desmonte intencional contra os indígenas ou genocídio”, diz o ofício de Dino remetido à Polícia Federal.

Paralelamente a investigação, a PF de Roraima também planeja uma megaoperação para expulsar os garimpeiros ilegais da terra indígena. Lideranças do povo ianomâmi atribuem ao garimpo ilegal e à falta de serviços médicos a epidemia de desnutrição e doenças que acometeram a comunidade.

Segundo juristas, o caso ianomâmi pode ser classificado como genocídio desde que haja comprovação do dolo. A polícia vai ter que investigar e, se for apurado que houve atuação deliberada para fazer esse povo tivesse esse sofrimento sem ter condição de existência, configura-se genocídio — explica Matheus Falivene, doutor em Direito Penal pela USP — É preciso analisar o motivo que gerou situação de fome, se foi ocasional, se foi causada por um grupo, se teve atuação deliberada de pessoas.

O ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser responsabilizado se ficar comprovado que ele agiu deliberadamente, seja por ação ou omissão, para que a situação chegasse ao ponto de causar a morte de índios ianômamis por doenças curáveis e fome. A polícia terá que apurar quem era responsável por cada ato que tenha resultado na crise humanitária, numa investigação que pode começar em funcionários que atuavam dentro da terra indígena e chegar até Bolsonaro.

Fonte: Jornal O Globo

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