Vestes coloridas, capuzes pontiagudos e tochas rompendo a escuridão. Os elementos, típicos da Procissão do Fogaréu, tomaram as ruas da cidade de Goiás após hiato de dois anos devido à pandemia de Covid-19. “Estamos muito emocionados, parece que é o primeiro Fogaréu que estamos assistindo!”, disse o governador Ronaldo Caiado durante o evento, na madrugada desta quinta-feira (14/04). Ele ainda anunciou o retorno da realização das Cavalhadas no município.
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), repassou R$ 260 mil para viabilizar o evento, por intermédio do Programa Estadual de Incentivo à Cultura – Goyazes. “Está tudo arrumadinho, não tem nada de improvisação. A verba chegou antecipada e com isso houve condições de fazer tudo em ordem”, frisou Caiado. “Vocês não imaginam a minha alegria em estar aqui hoje, tem um sabor diferente. Estamos voltando a realidade, saindo de um pesadelo com esse momento de confraternização”, completou.
O governador chegou, ainda no começo da tarde desta quarta-feira (13/04), à cidade de Goiás. Caminhou pelas ruas da antiga capital do Estado, visitou a Praça do Coreto, dialogou com a comunidade e recepcionou autoridades no Palácio Conde dos Arcos. Ao sair para acompanhar a Procissão do Fogaréu foi aplaudido pelos fiéis e acompanhou junto à população o cortejo.
“A Procissão está abrindo o tempo para que a gente possa abraçar um ao outro e a cidade de Goiás se abre com toda sua beleza e exuberância”, disse o prefeito Aderson Gouvea. Ele conta que o evento foi o primeiro do calendário tradicional do Estado a não ser realizado devido à pandemia de Covid-19 e, agora, é o primeiro a voltar. Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, a celebração relembra os últimos dias de vida de Jesus Cristo e contou com a participação de milhares de fiéis.
“Um ponto importante é que a procissão do Fogaréu se torne Patrimônio Imaterial do Brasil”, comentou o governador, acompanhado da primeira-dama Gracinha Caiado. A solicitação foi feita pelo Governo de Goiás ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como conta o chefe do Executivo estadual, com todos os documentos incluídos para que a celebração ganhe esse reconhecimento nacional o mais rápido possível.
O casal Helena Maria Cossão e Álvaro Salvador Cossão, moradores de Nazário, no Centro goiano, estavam encantados com a primeira vez na procissão. “Visitamos a cidade outras vezes, mas não no Fogaréu. Acompanhamos muitas celebrações da igreja católica, mas essa aqui foi a mais emocionante e bonita que já vi”, afirmou Helena. “Sempre quis vir para ver o Fogaréu”, reforçou Álvaro.
A Procissão do Fogaréu é realizada há 277 anos em Goiás e simboliza a busca e prisão de Cristo. Foi introduzida no Estado pelo padre espanhol João Perestello de Vasconcelos Spíndola, inspirado em celebrações que remontam à Idade Média. Os farricocos representam os soldados romanos. Os personagens foram inspirados nos penitentes do século XV, que podiam pagar seus pecados sem precisar revelar sua identidade, por isso os trajes longos e o rosto coberto.