O advogado Valério Luiz Filho disse ao jornal O Popular que o sentimento após a prisão de Maurício Sampaio, condenado a 16 anos como mandate do assassinato do seu pai, o jornalista Valério Luiz, em julho de 2012, é de “dever cumprido”. Valério Filho atuou como assistente de acusação no julgamento dos envolvidos no crime. Também foram condenados o policial militar Ademá Figueredo Aguiar Silva, autor dos tiros; o empresário Urbano Xavier Malta; e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier.
Recorrendo à literatura, o advogado sustenta que uma emergência inesperada, alguma tragédia arranca o personagem de sua rotina comum e o lança em uma missão, que ele deve cumprir. Para Valério, foi exatamente isso que aconteceu a partir da tragédia que se abateu sobre sua família, mas reafirma que sua intenção nunca foi o de vingança, mas a busca por justiça.
“Naquele momento (do assassinato), fizemos a promessa de que quem tivesse feito isso teria de pagar pelas consequências. E o cumprimento dessa promessa deu mais trabalho do que imaginávamos. Saímos vencedores desse processo. E espero que, onde meu pai e meu avô (o também radialista Manoel de Oliveira) estejam, saibam que fizemos tudo o que podíamos e que a memória dele (Valério) será preservada. A Justiça, embora difícil, é possível”, afirmou.
O processo que culminou com a sentença definitiva imposta a Maurício Sampaio e aos demais acusados teve início logo após a execução do jornalista Valério Filho, ocorrida pouco antes das 14h do dia 5 de julho de 2012, e teve muitas idas e vindas.
O inquérito policial foi concluído em 2013, e a pronúncia ocorreu em 2014, mas foi anulada em 2017 pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Em 2018, o mesmo ministro reconsiderou a própria decisão e manteve a decisão que mandava a júri popular os acusados. Em 2019, no entanto, o juiz Jesseir Alcântara alega suspeição e deixa o caso. Em 2020, assume o processo o juiz Lourival Machado, que no final de 2022 sentenciou os acusados.
Em outras entrevistas, Valério Filho tem repetido que era necessário obter uma vitória social diante da repercussão do crime, sobretudo por se tatar de um acusado com grande poder econômico e trânsito livre em todas as esferas de poder. Por conta disso, conta, muita gente acreditava que não se chegaria a lugar nenhum.
“Era preciso mostrar à sociedade que é possível alcançar a justiça, ainda que estivéssemos lutando contra um acusado que detinha grande poder econômico. Estamos chegando ao fim desse processo e isso nos deixa com a sensação do dever cumprido. Neste momento, podemos dizer que saímos vitoriosos, e a gente espera que sirva de exemplo para quem, infelizmente, estiver enfrentando uma situação como a nossa e que precise entrar numa luta por justiça, de saber que ela é possível”, reforçou em entrevista ao Jornal do Meio-Dia, do SBT.