Opinião
Chegamos ao fundo do poço, literalmente. Não há mais pra onde correr ou onde se esconder. Somos todos, sem exceção, vítimas da violência absurda que assola Goiás. A indignação atingiu o ápice. A pergunta, no entanto, é: “e agora?”
Completado o círculo do medo e da indignação, será que o momento seguinte será o da banalização da violência? É possível. A condição de vítimas iminentes, na qual estamos todos inseridos, ricos ou pobres, brancos ou negros, situação ou oposição, nos leva a adoção de comportamentos subumanos. Vão-se a sensibilidade, o amor ao próximo, a solidariedade e a amizade. Tornamo-nos reclusos em nossas fortalezas. Todos são bandidos até prova em contrário. A vingança pelo crime sofrido se impõe à razão.
Os números da violência no Estado e, principalmente, em Goiânia são realmente assustadores. Somos o quarto estado onde mais se mata no Brasil. Em Goiânia a coisa é ainda pior: a capital é a 23ª mais violenta do mundo. De janeiro de 2011, primeiro ano do 3º mandato de Marconi Perillo, até junho de 2015, primeiros 6 meses do quarto Governo do tucano, 10.852 pessoas foram assassinadas no Estado. Esse número pode ser bem maior, já que os homicídios registrados como tentados não têm a estatística retificada quando a vítima morre no hospital, por exemplo. Os crimes contra o patrimônio batem recordes mês a mês. Um roubo ou furto ocorre em Goiânia a cada 8 minutos. É surreal.
Não há projetos na área da segurança pública para conter o genocídio em Goiás. Mais de R$ 1,5 bilhão desapareceram do caixa do Estado e outros R$ 9,32 bilhões somaram-se à divida consolidada sem que nada melhorasse na segurança do cidadão. O efetivo da Polícia Militar diminuiu ao longo de 16 anos enquanto a população do Estado aumentou 50%. Menores infratores e presos maiores, que deveriam aguardar julgamento detidos, são colocados em liberdade porque o Estado não tem estrutura para abrigá-los.
A indignação vai cedendo lugar à banalização e à resignação e logo logo estaremos pulando cadáveres nas ruas das cidades, sem o menor pudor. Lamentável!