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Política

Caiado diz que relação com Lula é respeitosa e que não considera Bolsonaro seu amigo, mas um aliado

Em entrevista publicada nas páginas amarelas da Revista Veja, o governador goiano enaltece a importância do agronegócio para o Brasil, diz ser a favor da Reforma Agrária dentro do que estabelece a constituição e que, embora trate o ex-presidente como aliado, jamais será submisso a quem quer que seja. “Não sou vaquinha de presépio nem estou aqui para dizer amém”

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Ronaldo Caiado à Revista veja sobre candidatura a presidente da República: "não vou pular etapas agora. Mas não descarto a possibilidade"

Em entrevista à Revista Veja desta semana, publicada nas páginas amarelas do veículo de circulação nacional, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), saiu em defesa do agronegócio, elogiou a política do governo Lula para o setor e diz que é a favor de uma reforma agrária que transcorra no campo das normas preestabelecidas, à base de uma política eficiente de inclusão dos assentados, garantindo-lhes oportunidades. “Na maioria das vezes, você chega à terra e o cidadão está sem luz elétrica, sem água e sem acesso à cidade. Assim não funciona”, avalia.

Considerado um adversário histórico do PT, Caiado disse que as divergências com Lula ficaram para trás, e, segundo ele, não restaram feridas dos embates mais acolorados que ambos tiveram enquanto protagonistas da política brasileira, principalmente quando o agora governador goiano liderava a UDR, movimento ruralista criado na década de 1980 e que se colocou em defesa da propriedade privada como garantia constitucional. Para Caiado, é preciso separar o processo eleitoral do governo em si, que exige uma parceria constante.

“Entendo que o presidente Lula está em seu terceiro mandato e sabe muito bem que não é o caso de ficar entrando em rota de colisão. Quem não lembra, lá atrás, de meus debates com Lula, quando eu era presidente da UDR? E quando disputamos a Presidência da República, em 1989? Esse tempo ficou pra trás”, afirmou, pontuando que nada que saía daqueles embates era de ordem pessoal.

Caiado avalia que o governo do petista busca uma reaproximação com o agronegócio brasileiro ao anunciar o maior Plano Safra da história para 2023/2024. Serão disponibilizados R$ 364,22 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional até junho do ano que vem, um aumento de quase 27% em relação ao plano anterior. “Lula fez suas reflexões, compreendeu que não vale a pena ir para o confronto e travar uma desnecessária queda de braço em uma área da economia que caminha tão bem e que só quer paz”.

Bolsonaro

Sobre sua relação com Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, que foi derrotado por Lula e agora está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ronaldo Caiado disse que não o considera seu amigo, e sim um aliado, mas que nem por isso será submisso.

“Não o considero meu amigo, mas um aliado. Não significa que eu seja submisso. Não sou vaquinha de presépio nem estou aqui para dizer amém”, frisou, lembrando que não concorda com Bolsonaro em relação a uma série de temas, como a desconfiança sobre as urnas eletrônicas e muito menos sobre as vacinas da Covid-19. “Sou médico e acredito na ciência”, fez questão de deixar bem claro.

Com a experiência de quase 40 anos na vida pública e único governador goiano eleito e reeleito em primeiro turno, Caiado avalia que, mesmo inelegível, Bolsonaro tem a capacidade de mobilizar uma grande gama de eleitores e que não há como ignorar essa força. “Mesmo proibido de sair candidato, não se pode retirar dele (Bolsonaro) a capacidade de mobilizar milhões de pessoas. Pouquíssimos líderes no país têm tamanho poder de transferência de votos”, explica.

Reforma Tributária

O governador de Goiás falou também sobre um tema que tem dominado as discussões políticas Brasil afora: a Reforma Tributária. Um dos principais críticos do texto que foi aprovado na Câmara dos Deputados, Caiado diz que a matéria fere de morte o pacto federativo brasileiro, já que retira a autonomia de arrecadação e de gestão dos recursos pelos entes subnacionais, o que, segundo ele, é uma garantia expressa na Constituição Federal.

“Criaram uma comissão federativa para fazer a redistribuição do dinheiro e definir quais estados deverão receber os fundos de compensação e de desenvolvimento regional. Para mim, é uma excrescência que concentra ainda mais o poder em Brasília”, pontua.

Sobre o fim dos incentivos fiscais, medida de renúncia fiscal usada por estados para atrair investimentos, outra consequência da reforma, Caiado refuta a pecha de defensor da guerra fiscal, termo usado por economistas para se referir às políticas de incentivos dos estados.

“Guerra fiscal é um termo pejorativo que só existe no Brasil. Isso é política de desenvolvimento. Na minha avaliação, a reforma tributária tal como apresentaram serve à Confederação Nacional da Indústria e ao grupo das exportadoras, não à população. Mas, sim, precisamos de uma mudança aí para dar impulso à economia”, pondera.

Candidatura a presidente

Sobre eventual candidatura a presidente da República em 2026, Caiado foi econômico e disse que não vai pular etapas, embora não descarte a possibilidade. Segundo o governador goiano – um dos mais bem avaliados do país -, o Brasil terá oportunidade de avaliar uma nova safra de governadores, que inevitavelmente se colocarão como candidatos, e citou Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, como os nomes que provavelmente estarão à disposição. “Eles, claro, contam com uma posição de arranque diferenciado, por serem os maiores colégios eleitorais do país”, avalia.

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