Nos últimos anos, um curioso espetáculo tem se desenrolado no Brasil, principalmente entre deputados e simpatizantes bolsonaristas. Esses mesmos parlamentares, que constantemente levantam bandeiras de defesa da liberdade de expressão e clamam contra uma suposta ditadura instaurada no Brasil — com base em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que ordenam o cumprimento das leis brasileiras por parte das big techs — agora se calam diante da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de manter o banimento do TikTok no país.
A incoerência é flagrante. Quando o STF, por meio de decisões legítimas e fundamentadas, determinou que plataformas como o X (antigo Twitter) de Elon Musk cumprissem ordens judiciais em relação a conteúdos desinformativos, figuras da extrema-direita brasileira se apressaram a pintar o Brasil como uma nação sob regime autoritário. Naquele momento, seus gritos de “ditadura” soaram por todos os cantos, num esforço desesperado para associar qualquer ação do Judiciário brasileiro a um golpe contra a liberdade.
No entanto, quando a Suprema Corte dos EUA tomou uma decisão que envolve o banimento do TikTok — uma plataforma muito popular entre os brasileiros, mas de origem chinesa e com supostas preocupações de segurança nacional para os americanos — os mesmos bolsonaristas que se diziam defensores da liberdade de expressão no Brasil simplesmente silenciaram. Nenhuma manifestação pública, nenhum protesto nas redes sociais, nenhuma crítica à atuação da Justiça americana.
O que se vê, na verdade, é uma postura covarde e desprovida de altivez, alimentada por um ressentimento profundo pela derrota nas urnas nas últimas eleições e pela mágoa com Alexandre de Moraes, ministro do STF e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a quem eles, os extremistas, atribuem o fracasso de Bolsonaro.
O silêncio dos bolsonaristas também é uma confissão velada de que suas bandeiras de “liberdade” e “democracia” nunca passaram de uma arma política em um jogo de disputas eleitorais. A verdadeira motivação por trás de seus discursos não é a defesa de princípios universais, mas o despeito pela ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. A incongruência é gritante: se o país de Donald Trump, liderado por figuras do mesmo espectro político, pode banir uma plataforma sem que a “liberdade de expressão” seja colocada em cheque, no Brasil tudo é um ataque à democracia quando uma medida semelhante é aplicada pelo STF. A incoerência dessa turma é gritante!
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