Entre em contato

Artigo de Opinião

Como seita que é, o bolsonarismo não aceita que ninguém divirja do seu “mito”

Episódio envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, líder máximo do movimento conhecido por bolsonarismo, e o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, mostra muito claramente que o que guia a extrema-direita é o sectarismo de sujeição máxima ao seu líder

Publicado

on

Tarcísio de Freitas e Bolsonaro estão com a relação estremecida em virtude de posições divergentes quanto à Reforma Tributária

Desde que alçado ao posto máximo da República, em 2018, Jair Bolsonaro, hoje inelegível até 2030, vem sendo celebrado como o líder máximo e intocável de sua seita, o bolsonarismo. Ainda que praticando ações absolutamente desabonadoras do ponto de vista moral e político, o “mito”, como o chamam seus séquitos, mantém inatingível sua liderança junto aos mais radicais, que se colocam à disposição para atender, incondicionalmente, suas ordens. E pobres daqueles que ousem discordar do deus bolsonaro.

Ontem (06/07), o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), um neopolítico que, segundo o bolsonarismo, deve o mandato a Bolsonaro, sofreu na pele o que é discordar do “mito”. Em meio às reuniões para discutir a Reforma Tributária, matéria que estava sendo discutida na Câmara dos Deputados, o governador de São Paulo, em reunião do PL, partido de Bolsonaro, arriscou uma defesa republicana da Reforma, expondo seu ponto de vista sobre a matéria e, na sua visão, o ganho político de aprovar o texto. A reação dos bolsonaristas presentes foi a pior possível.

Vaiado por bolsonaristas e menosprezado pelo próprio Bolsonaro, o republicano percebeu que é impossível o exercício da democracia, da autonomia política e do contraditório em ambiente dominado pela seita bolsonarista. A cada palavra do governador paulista que, em tese, ia contra o desejo do “mito”, a claque bolsonarista vaiava efusivamente Tarcísio de Freitas, que deixou o encontro com a pecha de comunista, petista e traidor de Bolsonaro.

Não é a primeira vez que Bolsonaro age para desmerecer, humilhar e ridicularizar seus aliados, quando estes, no exercício sagrado das próprias convicções políticas, desagradam a pauta de Jair Bolsonaro, que não é outra, senão ser contra o que chama de sistema. E Bolsonaro é vingativo, é dissimulado e sua sede de vingança não passa.

O bolsonarismo, esse que idolatra Bolsonaro, não é um movimento político, não é coerente, não carrega consigo os elementos mínimos que lastreia a civilidade, não se ocupa da razoabilidade e, portanto, não se presta à realidade republicana e à democracia. O bolsonarismo raiz é imprestável para quem almeja chegar à presidência pelo voto daquele eleitor que efetivamente quer um Brasil melhor para se viver.

Copyright © 2020 - Nos Opinando - Liberdade de opinião em primeiro lugar.