O Grupo Energisa, um dos principais conglomerados privados do setor elétrico do país, descartou participar do leilão de privatização da Celg Distribuidora (Celg D), previsto para abril próximo. O motivo, segundo o diretor da empresa, Ricardo Botelho, seria o valor atribuído à Companhia: R$ 2,8 bilhões.
Para Botelho, o valor estipulado para a Celg-D está fora do que a Energisa entende se razoável, além dos riscos e obrigação da renovação da concessão. A agência de avaliação de risco Fitch Ratings, responsável pelo estudo que estipulou o valor do lance inicial da estatal goiana, disse que esse baixo valor deve-se ao fraco perfil de crédito da empresa, caracterizado por apresentar alavancagem financeira elevada, significativa concentração de dívida no curto prazo e reduzida posição de liquidez.
A desistênica da Energisa é um verdadeiro balde de água fria nas expectativas do Governo de Goiás, que conta com o dinheiro da Celg para retomar obras paralisadas ainda no curso do terceiro mandato de Marconi Perillo. Ao Estado de Goiás, se mantido o valor de R$ 2,8 bilhões inicialmente previstos, caberá a quantia de R$ 1,3 bilhão e uma dívida de R$ 1,9 bilhão com a Caixa Econômica Federal. É que a venda da companhia goiana só poderá se efetivar se o Estado pagar o empréstimo que a Estatal tem com a Caixa Econômica Federal. Trocando em miúdos, o Governo de Goiás vai pagar R$ 1,9 bilhão para receber R$ 1,3 bilhão.
A privatização da Celg, da qual o Governo de Goiás possui 49% das ações, era vista pelos palacianos como a salvaguarda do quarto mandato de Marconi Perillo, que enfrenta um dos piores momentos administrativos/financeiros da história do Estado. Sem dinheiro, com um déficit de aproximadamente R$ 1,35 bilhão rolados de 2015 para este ano e um rombo de mais de R$ 1,4 bilhão na conta centralizadora do Estado, Marconi Perillo esperava que a Celg fosse vendida por cerca de R$ 10 bilhões e assim pudesse viabilizar o seu governo.