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Política

Ocaso tucano: PSDB encolhe mais, perde liderança no Senado e pode ficar com só um senador

Para ter cargo de líder o partido precisa possuir uma bancada com no mínimo 3 senadores. Mas, desde a saída do senador Alessandro Vieira (SE), que foi para o MDB em junho, o PSDB não conseguiu recompor o quadro e hoje só tem dois representantes na Casa. Além de Izalci Lucas, tem o senador Plínio Valério (AM)

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Marconi Perillo e Eduardo Leite: PSDB perde representatividade no Senado e encolhe nos estados

O PSDB perde nesta sexta (22/09), o direito a ter liderança no Senado e, com isso, cargos adicionais e até mesmo o privilegiado gabinete ocupado pela sigla, que fica no salão azul da Casa. É mais um sinal da extensão da crise vivida pelo partido nos últimos anos. Para completar o drama, a legenda pode ficar com apenas um senador, visto que o líder Izalci Lucas (DF) avalia trocar de partido.

No Congresso, o gabinete da liderança do PSDB é comparado ao “Lago Sul de Brasília”, numa referência ao bairro mais nobre da capital do País. Ele fica num local privilegiado, próximo à sala da presidência do Senado e também ao plenário.

Izalci Lucas ainda correu, sem sucesso, para tentar atrair um novo nome até esta sexta. Chegou a anunciar a filiação de Marcos do Val (ES), mas a cúpula do PSDB barrou a adesão do senador, que acumula uma série de polêmicas envolvendo um suposto plano para grampear o ministro do STF, Alexandre de Moraes. O parlamentar foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal.

Segundo interlocutores, Izalci agora vai observar com atenção a situação do Podemos e do União Brasil. A preocupação dele é com a estrutura de cargos adicionais, aos quais tinha direito por causa da sua posição de liderança.

Encolhimento

O PSDB, vale lembrar, já teve um presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2003. O partido também chegou a ter uma bancada de 23 senadores na 51ª Legislatura, entre 1999 e 2003.

Na eleição de 2022, o PSDB não conseguiu nem ter candidato próprio à Presidência da República e ainda perdeu o comando do governo de São Paulo, depois de 28 anos consecutivos ocupando o Palácio dos Bandeirantes. Enquanto isso, a bancada de senadores encolheu de seis para três, entre a legislatura passada e atual.

Na crise mais recente, juíza da 13ª Vara Cível de Brasília declarou a nulidade da segunda prorrogação da Comissão Executiva Nacional que reconduziu o ex-presidente do PSDB, Bruno Araújo, ao comando do partido de 01.06.22 a 01.06.23 e também a “nulidade dos atos posteriores por ela realizados, inclusive a Comissão Executiva Nacional Provisória”. Mas não há nenhuma menção a afastar os atuais membros.

O PSDB decidiu manter Leite. Agora, o governador do Rio Grande do Sul e o deputado federal Aécio Neves (MG) operam nos bastidores para evitar um racha na convenção do partido que vai escolher sua nova executiva nacional.

Goiás

Em Goiás a situação do PSDB não é diferente. O partido de Marconi Perillo, quatro vezes governador do estado, vem sofrendo um processo de esvaziamento ao longo dos anos, e, sem ações de renovação, esse processo se agravou ainda mais no ano passado. Com a segunda derrota consecutiva de Perillo para o Senado, o PSDB desceu definitivamente ao fundo do poço. De uma bancada de sete deputados estaduais e cinco federais em 2014, a legenda chega a 2023 com apenas dois representantes na Assembleia Legislativa de Goiás e uma deputada na Câmara Federal. De 75 prefeitos eleitos em 2016, o PSDB goiano conseguiu eleger apenas 20 filiados em 2020, e de lá pra cá tem perdido nomes considerados históricos.

Filiados da legenda em Goiás avaliam que é iminente o risco do partido desaparecer de vez no Estado, uma vez que é visível o crescimento de outras legendas, como o União Brasil, partido do governador Ronaldo Caiado, e o MDB, comandado em Goiás pelo vice-governador Daniel Vilela. O fortalecimento desses e outros partidos vai, naturalmente, cooptando os últimos remanescentes do tucanato goiano.

Em privado, tucanos criticam a postura do ex-governador e presidente da sigla, o qual, dizem, não tem atuado para construir uma agenda efetivamente partidária, preferindo agir mais para tentar salvar a sua própria imagem. A falta de agendas no interior, a desarticulação dos diretórios e comissões provisórias nos municípios e a ausência de interlocução com o diretório nacional são apontados como entraves para a salvação do partido em Goiás.

Com informações da Coluna do Estadão

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