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Conheça quatro passos para saber mais sobre o Autismo. Professora da Estácio explica como lidar com a condição

Desde 2007, 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A data nasceu com a proposta de difundir para a população informações corretas sobre o autismo e, assim, reduzir a discriminação e o preconceito. Para que se possa compreender um pouco mais sobre essa síndrome que, estima-se, afeta mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, o primeiro passo é saber: autismo não é doença

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Segundo a doutora e coordenadora do curso de psicologia da Estácio, Larissa de Oliveira e Ferreira, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado por um desenvolvimento neurológico atípico, com prevalência maior no sexo masculino. “O espectro é muito amplo, mas em geral, os principais sintomas são, déficits persistentes na comunicação e interação social, assim como padrões restritos e repetitivos de comportamentos. Os sinais, muitas vezes (nem sempre) podem ser percebidos já nos primeiros meses de vida. O diagnóstico, porém, costuma ser estabelecido entre 2 e 3 anos”, indica a profissional.

Larissa conta que existem vários graus de autismo e que o diagnóstico é classificado em três níveis. “Eles são estabelecidos de acordo com intensidade dos sintomas e da necessidade de suporte. Pessoas com autismo nível 1 (leve) requerem um suporte mínimo em suas atividades cotidianas, podem ser capazes de se comunicar verbalmente e de manter relacionamentos, sendo, porém, difícil para elas entreter uma conversa mais longa”, orienta.

“Pessoas diagnosticadas com o autismo nível 2 (moderado) costumam ter mais dificuldade com as habilidades e situações sociais e comunicação verbal mais restrita, conseguindo estabelecer apenas diálogos curtos focados em temas específicos. Assim, precisam de maior suporte para as atividades sociais. Já as pessoas com autismo nível 3 (severo), apresentam dificuldade significativa na comunicação e nas habilidades sociais, além de comportamentos restritivos e repetitivos que atrapalham seu funcionamento independente nas atividades cotidianas”, completa a coordenadora.

Um segundo passo importante, para a psicóloga, é reconhecer seus sinais: “O autismo de nível 1 é mais difícil de ser detectado precocemente. Embora diversas atividades do cotidiano possam ficar comprometidas por uma tendência ao isolamento e a dificuldade de flexibilidade com ordens e regras, os portadores de TEA nível 1 tendem a alcançar a independência facilmente e não precisam de um ambiente adaptado”.

Já os autistas do nível 2, segundo ela, apresentam a tendência de ter mais alterações comportamentais. “Exemplo disso são situações de agressividade, seja consigo ou com os outros, devido ao estresse causado por não conseguirem um diálogo efetivo com as pessoas ao redor. Dependem muito mais de uma outra pessoa para mediar sua relação com o mundo e, portanto, precisam de um maior apoio. O autista severo, nível 3, é completamente dependente de um adulto para realizar as atividades da vida diária. Nesse caso se trata de alguém que não tem autonomia para comer ou ir ao banheiro e outros hábitos de higiene”, revela.

Larissa conta que independentemente do nível do autismo, tanto o diagnóstico quanto os tratamentos envolvem uma equipe interdisciplinar, com a intervenção de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além da imprescindível orientação aos pais ou cuidadores.

“Uma vez que temos esse conhecimento, como um terceiro passo, é fundamental desconstruir falsas informações sobre o TEA. Dentre elas a que todo autista é um gênio ou que um autista não pode trabalhar ou ter um convívio social. A depender do nível, a pessoa poderá sim ter amigos, se casar, trabalhar, ir ao parque, ao shopping, fazer compras e ter convívio social, porém com peculiaridades de comportamento que inicialmente podem parecer estranhas, mas, com um mínimo de conhecimento sobre o TEA, possíveis de serem identificadas”, complementa.

O quarto passo, para Larissa, é observar com mais detalhes. “Se você percebe que uma pessoa se intimida ao conversar com você, tem dificuldade em olhar em seus olhos, não gosta de toque, não avance o sinal, compreenda. Mesmo que você seja uma pessoa ‘touch screen’, que gosta de tocar nas outras enquanto conversa, entenda que isso, para um autista, pode ser extremamente invasivo. Respeite também a dificuldade que os autistas têm com barulhos altos, muita iluminação e os excessos de forma geral. Para finalizar, o conhecimento e o respeito são sempre as melhores ferramentas para se conviver com pessoas sejam elas típicas ou atípicas”, indica a psicóloga.

 

Com informações da Interativa Comunicação e Eventos

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