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Política

Na área da saúde goiana, a história recente não é favorável a Marconi Perillo

O ex-governador de Goiás foi duramente criticado pelo atual governador, Ronaldo Caiado, que, em recente entrevista, mostrou toda sua indignação com a pretensão do tucano em buscar a paralisação das obras de construção do Complexo Oncológico de Referência (CORA). A unidade hospitalar será a primeira em Goiás com ala exclusiva para o tratamento do câncer em crianças

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Marconi Perillo (PSDB), que governou o estado por quatro mandatos, é acusado pelo MP-GO de não ter cumprido o mínimo constitucional da saúde

 

No último final de semana, em entrevista ao jornal O Popular, o governador Ronaldo Caiado subiu o tom e, em pesadíssimas críticas, condenou a pretensão do ex-governador Marconi Perillo, atual presidente do PSDB em Goiás, de tentar suspender as obras de construção do Complexo Oncológico de Referência. O CORA, como foi batizado, será a primeira unidade pública estadual destinada exclusivamente ao tratamento do câncer, com ala exclusiva para crianças. Marconi foi ao Tribunal de Contas do Estado pedir para que a corte suspendesse o Termo de Colaboração firmado entre o poder público e a Fundação Pio XII, entidade que administra o Hospital do Amor de Barretos, unidade localizada na cidade do mesmo nome no interior paulista. A obra, que tem custo estimado em R$ 424 milhões, está 40% concluída.

Em entrevista no mesmo veículo, Marconi Perillo, embora não tenha apresentado provas das acusações, alega que a obra do CORA teria sido direcionada, e reforçou os questionamentos levados ao TCE sobre o formato de contratação para a construção do hospital. O tucano também revelou que vai acionar o governador Ronaldo Caiado judicialmente para que ele prove as afirmações que fez contra a sua pessoa.

Réplicas e tréplicas à parte, o fato é que a relação histórica do governo tucano com a saúde goiana não é daquelas que poderia ser considerada como um marco de gestão. Pelo contrário. Durante os últimos dois mandatos (2011-2018), principalmente, o governo de Marconi Perillo acumulou desgastes na área que são tidos, ao lado da segurança pública, como os principais motivos das suas derrotas (2018 e 2022) para o Senado Federal.

De acordo com relatórios técnicos do TCE-GO, entre 2011 e 2017, Marconi Perillo teria deixado de aplicar cerca de R$ 550 milhões na área da saúde, isso apenas para cumprir o mínimo constitucional de 12% da receita com impostos. Esse fato, inclusive, ensejou que o Ministério Público de Goiás propusesse, ainda em 2018, ação por ato de improbidade contra o ex-governador, com pedido de liminar para que a justiça bloqueasse o equivalente a meio bilhão de reais das contas do tucano. A priori, o pedido do MP-GO foi deferido pela juíza Zilmene Gomide Manzolli, da 4ª Vara da Fazenda Pública Estadual, em decisão proferida em fevereiro de 2019. Depois de outras decisões interlocutórias e nova manifestação do MP-GO, o processo encontra-se concluso para sentença.

Ao contrário da gestão tucana, o governo Caiado celebra números alvissareiros na saúde goiana, os quais, dado a reeleição do atual governador em primeiro turno, denotam que são reconhecidos pela população. Se o governo de Perillo deixou de aplicar mais de R$ 550 milhões na saúde, apenas para cumprir o mínimo constitucional, como sustenta os relatórios técnicos do TCE e o MP-GO, Ronaldo Caiado, no seu primeiro mandato, investiu 850 milhões acima do mínimo de 12% exigido pela constituição federal, conforme informado nos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) divulgados no site de transparência do governo.

Caiado também operacionalizou a regionalização da saúde, com a entrega de sete policlínicas em diversas regiões de Goiás, além da retomada e entrega de obras que estavam paralisadas há décadas, como o hospital de Uruaçu, além de equacionar os repasses das vinculações da saúde para os municípios goianos, valores que foram negligenciados pelo governo anterior, e que chegavam a quase R$ 150 milhões ao final de 2018. O número de leitos de UTIs disponibilizados pelo governo mais do que quadriplicou na gestão de Ronaldo Caiado, saindo de 234 em 2018 para mais de mil atualmente.

Ação de Marconi Perillo que, segundo integrantes do governo Caiado, visa obstruir a construção do CORA não é a primeira que o tucano intenta contra atos do atual governo na área da saúde. Em julho do ano passado, Marconi protagonizou um outro episódio que foi muito mal visto pela população goiana. O tucano foi ao Ministério Público Federal (MPF) para tentar impedir que o governo de Ronaldo Caiado fizesse um repasse de R$ 14 milhões para o hospital municipal de Palmeiras de Goiás, sua terra natal. O absurdo gerou críticas da classe política, em especial do prefeito da cidade, Vando Vitor, que chamou a atitude de Perillo de “puro ciúme eleitoral”.

É consenso no meio político que Marconi Perillo erra ao tentar interromper uma obra de saúde extremamente necessária para a população de Goiás, principalmente para as crianças vítimas de câncer, como pretexto para retomar o debate político e se firmar como oposição ao governo Caiado. Além da sensibilidade do tema, o fato é que o atual governador de Goiás é aprovado por cerca de 76% da população goiana, segundo pesquisas, muito por sua atuação na área da saúde, o que torna a tarefa do tucano ainda mais espinhosa.

 

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