Amargando sérias dificuldades de relacionamento com o legislativo municipal, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), resolveu agir para, ao menos, garantir a continuidade do seu mandato à frente do executivo da capital. Em meio a uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), aberta para investigar supostas ilegalidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), o prefeito da capital fez uma série de acomodações políticas de indicados por vereadores, inclusive integrantes da CEI, para o primeiro e segundo escalões da sua gestão.
Para analistas, isso pode resolver boa parte das dificuldades políticas do prefeito, mas nem de longe tem o condão de melhorar a avaliação popular do gestor municipal, que segundo pesquisa Direct, é reprovado por mais de 63% da população. É possível, inclusive, que isso possa dificultar ainda mais a já improvável reconciliação do eleitor com o gestor, já que a atitude do prefeito, de nomear indicados e parentes de vereadores neste momento, não é uma ação muito bem vista pelo eleitorado.
De acordo com o cientista político Felipe Espírito Santo, o que o prefeito está fazendo é abrindo mão do atendimento aos serviços públicos demandados pela população e priorizando o atendimento aos interesses políticos partidários de aliados. “A finalidade de um atendimento público não é esperar um pleito eleitoral, mas sim ser mais imediato, ou seja, a gente não pode ter uma prefeitura que trabalha em função de composição de seus quadros com vistas ao período eleitoral”, explicou em entrevista ao JA1, da TV Anhanguera.
Em debate na Rádio Interativa, Ludmila Rosa, cientista política, avalia que o prefeito de Goiânia se curvou ao legislativo municipal e cede às pressões para manter o seu mandato, ameaçado que estaria pelas investigações que correm naquela casa. Segundo a especialista, isso passa uma mensagem muito ruim para a população.
“Do ponto de vista político, é uma coisa inadmissível o que está acontecendo à vista de todos. O que dá o tom nessa gestão é a troca de secretários. Numa ponta o executivo, de ‘cócoras’ para o legislativo, cedeu às pressões da Câmara. Na outra ponta, temos um legislativo que demonstra para a cidade que não tem compromisso nenhum com qualquer aspecto de melhoria e aperfeiçoamento, sequer da gestão, sequer da cidade como um todo”, criticou.
Um dia depois de nomear a esposa do vice-presidente da CEI, vereador Welton Lemos (Podemos), o prefeito Rogério Cruz recuou e publicou novo decreto tornando sem efeito a então nomeação de Gizza Laurene para presidência do Imas, instituto de saúde dos servidores municipais. Pelo menos outras três indicações para o primeiro escalão da Prefeitura de Goiânia estão mantidas.
