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Artigo de Opinião

O novo 11 de setembro americano – Por Fernando Krebs

“O gigante já havia começado a ruir e não é de hoje, Trump acelerou a queda. O tombo será grande, proporcional ao maior império de toda a história mundial”.

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O mundo assistiu estarrecido, no último dia seis de janeiro, a um novo 11 de setembro. Os EUA, tido por muitos como exemplo de regime democrático para o globo, sofreu o seu maior atentado a democracia de sua história. Com certeza, os fundadores desta potência mundial devem ter se revirado em suas sepulturas. Logo os EUA que foi o país que mais invadiu outros, ao longo da história, sob o pretexto de defender a democracia, não conseguiu defender seu próprio Congresso, símbolo de sua propagandeada democracia.

Certamente, muitos nativos de países com Cuba, Panamá, Coreia, Vietnam, Iraque, Afeganistão e muitos outros devem estar dando longas gargalhadas da pantomima yanke.

Salta aos olhos a leniência do aparato de segurança americano, o mais caro do mundo, durante a invasão dos fanáticos apoiadores do presidente da maior economia da terra. Alguns dos membros da nova seita americana, ou seria o culto a Trump, estavam fantasiados de bárbaros e até com vestimentas que inspiravam risadas, ao invés de medo. O que não é motivo para risos é responder à pergunta: até que ponto, o mandatário da maior potência do mundo participou desta sandice?

Será que vai sofrer um processo de impeachment, como deseja a oposição democrata? O Brasil poderia assessorá-los nesta matéria, pois provavelmente é o único país do mundo que já defenestrou dois presidentes. O fato que aconteceu no gigante do norte é extremamente grave e sua repercussão não será passageira, pois outros candidatos a Trump poderão ter mais sucesso em suas tentativas golpistas e em seus projetos autoritários.

O novo 11 de setembro americano é fruto de um governo fracassado que prometeu o que não conseguiu entregar, devorado pela pandemia e pelo populismo direitista, nova modalidade dos nossos tempos, pois normalmente o populismo era associado a esquerda. Trump prometeu uma nova América para os americanos, a geração de empregos e o enriquecimento da nação. O que entregou foi um país mais pobre, desigual, racista, dividido, intolerante e fadado a perder sua liderança política e econômica mundial. Ameaçou a China, mas viu o gigante asiático cada vez mais forte e hegemônico, não só na economia. Abandonou seus aliados históricos e virou as costas para os organismos internacionais como a ONU e trocou o diálogo e a diplomacia pela bravata e pelas poucas linhas do Twitter.

O legado da era das trevas de Trump será muitíssimo pesado para Biden. Este é considerado socialista, assim como o seu Partido Democrata, pelos radicais de Trump que estão à direita do conservador Partido Republicano. Tamanho é o absurdo das novas ideias reinantes na outrora progressista América.

O gigante já havia começado a ruir e não é de hoje, Trump acelerou a queda. O tombo será grande, proporcional ao maior império de toda a história mundial.

Nós vamos assistir ao derretimento da maior potência econômica e militar da história, a mesma que foi devastada por um vírus invisível, pois apesar de seus gastos militares estratosféricos não foi capaz de oferecer aos seus cidadãos um sistema de saúde como o SUS. Por sinal, criticado por muitos, mas que salvou o Brasil de um desastre ainda maior do que a ausência de uma política eficiente de enfrentamento da pandemia no Brasil.

O exemplo da pseudodemocracia americana esfacelou-se, a mesma que sob esta justificativa exportou a guerra, a morte e a destruição para países muito menores e mais pobres, sempre para defender, de modo, férreo seus interesses econômicos, próprios de um império. Por coincidência, a saga guerra nas estrelas, que marcou gerações, e foi criada pela indústria cinematográfica américa, está se tornando realidade no país que a concebeu. Os rebeldes estão triunfando, mas estes não são americanos, mas sim, os povos que sofreram nas mãos yankes.

Fernando Krebs é promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás, titular da 59ª Promotoria de Justiça

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