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Política

Secretário alega preconceito para justificar alta rejeição a Rogério Cruz

Em artigo, Fábio Simonetti, atual secretário de Comunicação da Prefeitura de Goiânia, sem citar nomes, diz que a resistência ao prefeito é evidente e que parte de setores privilegiados que nunca precisaram lidar com minorias. Afirmações do publicitário insinuam que Cruz estaria sendo vítima de preconceito, já que é o primeiro prefeito preto da história da cidade. Alegação não encontra respaldo na realidade, dizem analistas

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Prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade) deve disputar a reeleição em outubro próximo

Em artigo publicado no jornal O Popular, edição desta sexta-feira (26/04), o atual secretário de Comunicação da Prefeitura de Goiânia, o publicitário Fábio Simonetti, diz que o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), estaria sendo vítima de grupos privilegiados “que nunca precisaram lidar” com minorias, e insinua que o chefe do Executivo municipal sofre preconceito de raça, já que é o primeiro preto a ocupar o cargo de prefeito da capital, desde a sua fundação, há 90 anos.

“Como o primeiro prefeito preto a ocupar o cargo em uma cidade de 90 anos, [Rogério Cruz] testemunhou as barreiras que pessoas periféricas, pobres, evangélicas, e aquelas que rompem o status quo enfrentam para se afirmarem no cenário político. (…) A resistência a Rogério por parte de setores privilegiados, que nunca precisaram lidar com minorias, é evidente. Grupos que sempre viram os milhares de Rogérios e Rogérias que existem nas periferias das cidades, especialmente de Goiânia, como subservientes, e não como os líderes que realmente são”, critica.

Fábio Simonetti é o sexto titular da pasta de comunicação da prefeitura desde 2021, quando Cruz, na condição de vice-prefeito eleito, assumiu o Paço no lugar do titular, Maguito Vilela (MDB), que faleceu em janeiro daquele ano, vítima das consequências da Covid-19. Simonetti sucedeu Célio Campos, indicado do marqueteiro Jorcelino Braga, que havia criado e liderado o Grupo de Apoio ao Prefeito (GAP), cujo objetivo era melhorar a imagem de Cruz, projeto que não prosperou. De acordo com Braga, o prefeito não seguiu suas recomendações e preferiu  ouvir as pessoas que já estavam na administração, o que inviabilizou o trabalho proposto.

Com alto índice de rejeição, Rogério Cruz chegou a ser preterido por seu antigo partido, o Republicanos, que desistiu de bancar seu projeto de reeleição. Com o fim da janela partidária, o prefeito de Goiânia foi obrigado a mudar de legenda para ter condições jurídicas eleitorais de concorrer ao pleito de outubro próximo. A sua baixa viabilidade eleitoral pode ter sido o motivo para que o partido que o elegeu vice-prefeito não topasse o desafio.

Não se sustenta

Diferente do que alega o secretário de Comunicação, analistas políticos avaliam que a rejeição de Cruz nada tem a ver com preconceito racial ou outro argumento dessa natureza. A avaliação majoritária é de que o prefeito da capital errou politicamente ao privilegiar certos grupos políticos em detrimento de executar seu próprio plano de governo. O primeiro grande equívoco de Rogério Cruz, dizem, foi menosprezar a força do MDB, partido que havia vencido as eleições, e se aliar a “forasteiros de Brasília”. Esse erro de cálculo, emendam, teria empurrado Rogério para uma relação desequilibrada com a Câmara Municipal.

Essa tese é corroborada pelo próprio secretário de Governo do Paço, o ex-deputado federal Jovair Arantes. Quando assumiu o posto, escalado para apaziguar a relação com os vereadores, Arantes chegou a dizer que havia muitos “prefeitinhos” na Prefeitura, numa alusão a vereadores que teimavam em mandar na gestão, fato que, segundo o auxiliar de Cruz, prejudicava a cidade.

Pressionado politicamente, nos últimos três anos, a gestão de Rogério Cruz enfrentou muita dificuldade para executar seu próprio orçamento, além de se mostrar incompetente em áreas vitais para a zeladoria da cidade, como a coleta de lixo, manutenção de vias, iluminação pública e término das obras já iniciadas. Com baixo índice de investimentos – foram apenas 4,05% em três anos de governo -, Cruz se vê pressionado pelo desajuste fiscal que assombra a gestão municipal. No último exercício, por exemplo, a folha de pagamento do Paço cresceu mais de R$ 680 milhões e chegou a 50,22% da Receita Corrente Líquida.

Contratado para melhorar a imagem do prefeito e colocá-lo em condições de disputar a reeleição, o marqueteiro Paulo Moura é outro especialista que esvazia os argumentos usados pelo secretário Fábio Simonetti. Em entrevista, Moura afasta a tese de preconceito com o prefeito ao afirmar que houve falha de comunicação da Prefeitura de Goiânia.

“O que posso dizer é que há uma consciência de que houve uma falha da comunicação. Houve uma falha. Na nossa leitura, houveram entregas importantes e essas entregas não foram comunicadas à população e a população não compreendeu ou não associou ao projeto da prefeitura”, destacou, acrescentando que a comunicação da prefeitura apresenta um problema crônico.

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