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Artigo de Opinião

Tarcísio de Freitas adota postura pragmática e calculista visando seus próprios interesses

A avaliação geral é que o governador paulista não teria reais intenções de ver uma anistia para Bolsonaro concretizada, mas discursa pedindo o benefício para o ex-presidente para se manter numa posição confortável com a base de eleitores bolsonaristas

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Para analistas, anistia para Bolsonaro não contaria com apoio nem de políticos da direita e nem tampouco da esquerda

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, vem adotando uma estratégia política que reflete um jogo pragmático e calculista, baseado na tática do “ganha-ganha”. Ele se posiciona de maneira a evitar críticas diretas ao bolsonarismo e, ao contrário, faz constantes afagos em Jair Bolsonaro, o que lhe permite usufruir dos benefícios políticos de uma base de apoio ainda significativa, mesmo em um cenário que mostra a fragmentação desse eleitorado. Essa postura reflete uma tentativa de se beneficiar da onda bolsonarista, ao mesmo tempo em que tenta não se comprometer totalmente com o radicalismo que caracteriza o movimento extremista liderado pelo ex-presidente.

A mais recente manifestação de Tarcísio, ocorrida neste domingo (16), pedindo anistia para Bolsonaro, é um exemplo claro desse tipo de cálculo político. Embora Tarcísio não tenha reais intenções de ver uma anistia ser concretizada, sua defesa pública da ideia está intimamente ligada a uma estratégia de alinhamento com o bolsonarismo.

Ao se posicionar como defensor da anistia, Tarcísio se coloca em uma posição confortável, tanto com Bolsonaro quanto com a base de eleitores que ainda o considera uma liderança central na política nacional. Caso a anistia seja concedida, o governador poderá vangloriar-se de ter sido um dos principais defensores dessa causa, garantindo o apoio do ex-presidente e de seus seguidores em sua reeleição para o governo de São Paulo.

Por outro lado, se a anistia não se concretizar, Tarcísio também sairá ganhando. Ele poderá se apresentar como o político que, mesmo diante da adversidade, se posicionou ao lado de Bolsonaro e do bolsonarismo. Nesse cenário, a defesa de Tarcísio servirá como moeda de troca para sua possível candidatura à presidência em um futuro próximo, colocando-o como um representante legítimo da ala bolsonarista, buscando a herança política deixada pelo ex-presidente.

Em ambas as alternativas, Tarcísio ganha. Se a anistia for concedida, ele garante o apoio de Bolsonaro e de sua base. Se não for, ele ainda sai fortalecido ao mostrar fidelidade ao ex-presidente e ao bolsonarismo. Contudo, esse tipo de estratégia revela uma postura de oportunismo político, em que o governador coloca seus próprios interesses eleitorais acima das necessidades do Brasil.

Ao adotar uma estratégia que visa manter o bolsonarismo em alta, Tarcísio parece, na prática, priorizar sua ascensão política em detrimento do bem-estar coletivo e do futuro do país e da própria direita tradicional. O jogo que Tarcísio joga é, portanto, desonesto, pois se aproveita de um movimento político polarizador para garantir sua sobrevivência no poder, mesmo ciente de que este não é o melhor caminho para o Brasil.

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