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Política

“A extrema-direita não utiliza discussões racionais e usa o ressentimento do cidadão como uma escada para alcançar o poder”

De acordo com Ana Beatriz Gomes, professora de filosofia da UFRJ e especialista em relações internacionais, esse movimento político entendeu que a sociedade civil está ressentida com o Estado moderno e está usando a frustração do cidadão comum como uma escada para alcançar o poder

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Cenas da tentativa de golpe de estado no Brasil, ocorrida em 8 de janeiro de 2023, quando radicais invadiram os prédios dos Três Poderes, em Brasília

Em artigo publicado no site Poder 360, a professora de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Beatriz Gomes, que é especialista em relações internacionais, geopolítica e docência em direito humanos, avalia que a extrema-direita, não só no Brasil, mas em todo o mundo, não faz parte de uma onda conservadora comum, mas de um grupo político muito bem organizado internacionalmente, cujo objetivo seria refundar o Estado.

Segundo a especialista, a extrema-direita é um movimento que pretende abandonar os pilares que sustentam o Estado moderno e substituí-los com a perspectiva anti-igualitária. “Nesse “novo” mundo, não há igualdade, não há direitos humanos, mas uma pseudo liberdade ilimitada em que as necessidades de cada indivíduo são a única coisa que importa. A nova extrema-direita não admite a existência do outro”, explica a pesquisadora.

Gomes chama atenção para o que ocorreu na semana passada no Parlamento Europeu, onde a extrema-direita mostrou toda sua força naquela eleição. Segundo a professora, o resultado surpreendente acende a luz de alerta para o mundo. De acordo com a especialista, a extrema-direita encontrou brechas na sociedade e abriu um caminho de diálogo com uma população que perdeu a fé nas instituições estatais.

“Não estamos lidando com uma disputa da raiz ideológica na qual são utilizadas discussões racionais, mas de ressentimentos. E a extrema-direita entendeu que a sociedade civil está ressentida com o Estado moderno e está usando a frustração do cidadão comum como uma escada para alcançar o poder”, explica.

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