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Política

Gestão Rogério Cruz vê crises se aprofundarem e política goianiense vai se deteriorando

Falta de autonomia do prefeito de Goiânia, fato evidenciado pela dificuldade na execução orçamentária e na própria formação do seu governo, tem como consequência baixa produtividade administrativa e prejuízos de toda ordem para a população. O enraizamento das práticas tidas fisiológicas por especialistas e adotadas pelo chefe do executivo municipal da capital para se manter no cargo preocupa o futuro da política goianiense

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A pouco mais de um ano das próximas eleições, prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, faz nova mudança no seu secretariado

A baixa popularidade experimentada pelo atual prefeito da Capital, Rogério Cruz (Republicanos), é reflexo de uma administração rejeitada por quase 60% do eleitorado goianiense, segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado recentemente. Vice na chapa de Maguito Vilela (MDB), que venceu as eleições de 2020, Cruz foi alçado à condição de prefeito em janeiro de 2021, depois da morte do emedebedista, em 13 de janeiro daquele ano. Desde a saída do MDB do governo de Rogério Cruz, três meses depois do início da gestão, a administração do republicano vem enfrentando uma série de desgastes e a capital vive dificuldades que têm tirado o sossego de sua população.

Analistas políticos ouvidos pelo Blog são unânimes em apontarem que, em busca de governabilidade, Rogério Cruz precisou firmar acordos políticos que acabaram “sequestrando” sua administração, tirando-lhe autonomia e autoridade para implantar o seu próprio modelo de gestão, o que o impediu de cumprir promessas de campanha e até mesmo de entregar obras já iniciadas. A relação com a Câmara Municipal se mostra pouco republicana, e é nítida a imposição de grupos de vereadores, principalmente daqueles que se dizem da base do prefeito na Casa, na gestão de Cruz.

E, de fato, a condição de subserviência à Câmara é cada dia mais explícita, e não parece que será resolvida. Em março deste ano, numa tentativa de equilibrar sua relação com o legislativo municipal, Rogério Cruz nomeou o ex-deputado federal Jovair Arantes para cuidar da sua interlocução política com os vereadores. Logo na primeira reunião na Câmara, Jovair disse que a prefeitura tinha “prefeitinhos demais”, numa clara alusão à influência que grupos de vereadores exerciam sobre o Paço. A declaração piorou ainda mais a relação entre Prefeitura e Câmara.

Agora, numa espécie de última tentativa de conseguir de fato governar a cidade e melhorar sua avaliação junto à população, Rogério Cruz buscou ajuda do marqueteiro Jorcelino Braga, presidente estadual do Patriota, que está incumbido de devolver a autonomia ao prefeito da capital. Braga chegou admitindo que erros da gestão permitiram que verdadeiros “feudos” fossem criados dentro da Prefeitura de Goiânia, e exigiu de Cruz uma ampla reforma administrativa. Não tão ampla assim, o prefeito anunciou a troca de sete auxiliares do primeiro e segundo escalões nesta terça-feira (19/09).

Segundo Jorcelino Braga, o compromisso assumido pelo prefeito junto aos vereadores foi um modelo que o gestor entendeu ser o melhor projeto para garantir a sua governabilidade e assim atender as demandas da população, mas que não funcionou, por isso, o trabalho agora começa do zero.

A grande dúvida que cerca analistas e cientistas políticos é se essa mudança pregada por Braga e anunciada por Rogério Cruz vai de fato mudar a relação entre Prefeitura e Câmara Municipal a ponto de garantir autonomia suficiente para que o prefeito possa de fato governar a cidade. Senso geral, a opinião de quem vive a política goianiense é que, como das outras vezes, a troca de auxiliares vai apenas garantir o cargo ao atual prefeito, mas nem de longe terá efetivamente o condão de melhorar a gestão e a percepção da população sobre a administração do republicano.

Diante do atual cenário, a gestão de Rogério Cruz sofre com falta de autonomia política e a evidente falta de expectativa de poder futuro, o que acaba criando um movimento de imediatismo entre os vereadores da capital, demais auxiliares do Paço e entre os próprios partidos. Se falta essa expectativa, todos querem resolver suas demandas no menor espaço de tempo possível, o que acaba comprometendo a administração e a prestação dos serviços públicos demandados pela população, explicam os especialistas. Em outras palavras, o caos se instala e o ente público se transforma em mero balcão de negócios, avaliam.

A preocupação entre políticos, principalmente, é como romper com esse modelo inaugurado por Rogério Cruz, caso ele próprio não consiga restabelecer o equilíbrio necessário à prática da boa política entre o executivo e legislativo municipal em Goiânia. O temor é que o próximo prefeito de Goiânia – caso Cruz não obtenha sucesso na sua pretensão de reeleição – vai enfrentar um processo extremamente viciado e de poder excessivo de grupos de vereadores, que, dado os equívocos cometidos pelo atual prefeito, estabeleceram, como disse Jorcelino Braga, verdadeiros feudos dentro da gestão municipal.

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