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Política

“O receberei com todas as honras”, diz Caiado sobre possível visita de Lula a Goiás

Governador mais bem avaliado do Brasil e o político em atividade com o mais longo histórico de oposição ao PT, Caiado tem sido elogiado pela postura republicana adotada desde o fim do pleito do ano passado, quando Lula sagrou-se eleito presidente do Brasil pela 3ª vez

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Caiado e Lula se cumprimentam durante seleção de propostas do novo Minha Casa, Minha Vida, em evento no Palácio do Planalto

Diante da expectativa da visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) disse que o petista, caso o encontro realmente aconteça, será recebido com todas as honras de um chefe de estado, como manda a liturgia do cargo. Caiado lembrou que a visita já era para ter acontecido, mas, por questões climáticas, não foi possível recepcionar o presidente da República aqui no Estado. Em junho próximo passado, em virtude do mau tempo, Lula cancelou viagem à cidade de Rio Verde, no Sudoeste goiano, onde inauguraria trecho da Ferrovia Norte-Sul.

A agenda do presidente Lula em Goiás para 2024 foi confirmada pelo ministro Chefe da Casa Civil, Rui Costa, mas a data ainda não foi acertada. “No momento que ele marcar eu também o receberei com todas as honras como deve ser recebido um presidente da República, com todo o respeito a liturgia do cargo. Essa sempre foi minha maneira de agir”, disse Caiado à imprensa goiana.

A declaração do governador goiano foi muito bem recebida pelo Palácio do Planalto, que tem visto no governador goiano um aliado quando o assunto é a pacificação do país. De fato, desde o fim das eleições do ano passado, Ronaldo Caiado tem sido a voz da coerência e do bom senso, evitando alimentar a polarização política que tem tomado conta do país nos últimos anos.

Um dos principais protagonistas da política brasileira na atualidade, Caiado tem mantido uma posição de respeito ao governo Lula, feito críticas pontuais e fundamentadas, sem, contudo, se aventurar numa oposição ideológica desprovida de elementos fáticos. Para o governador de Goiás, o brasileiro está cansado de posições extremadas, e ninguém aguenta mais a discussão beligerante que tomou a política brasileira.

“Sem dúvidas, haverá muitos pontos sobre os quais, eu e Lula, vamos discordar, mas dentro de uma maneira respeitosa, prevalecendo aquilo que a democracia nos impõe. A parte administrativa supera todas as outras”, ponderou.

Com a experiência de quem está há quase 40 anos na política, do alto de cinco mandatos parlamentares e dois no executivo, Caiado entende que, a nível nacional, quem pode efetivamente comandar um processo de oposição é quem mostrar que realmente conseguiu construir algo, e que, além do discurso, seja realmente democrata e republicano.

“Só vai ter sucesso na oposição no Brasil, quem agir com inteligência, com argumentos, com conteúdo, com capacidade de debater, e o lado raivoso, que mostra total incapacidade de argumentar, esse aí vai ser cada vez mais desprezado pela população”, apostou.

Posição em relação ao PT

Considerado um adversário histórico do PT, Caiado disse que as divergências com Lula ficaram para trás, e, segundo ele, não restaram feridas dos embates mais acolorados que ambos tiveram enquanto protagonistas da política brasileira, principalmente quando o agora governador goiano liderava a UDR, movimento ruralista criado na década de 1980 e que se colocou em defesa da propriedade privada como garantia constitucional. Para Caiado, é preciso separar o processo eleitoral do governo em si, que exige uma parceria constante.

“Entendo que o presidente Lula está em seu terceiro mandato e sabe muito bem que não é o caso de ficar entrando em rota de colisão. Quem não lembra, lá atrás, de meus debates com Lula, quando eu era presidente da UDR? E quando disputamos a Presidência da República, em 1989? Esse tempo ficou pra trás”, afirmou à Revista Veja, pontuando que nada que saía daqueles embates era de ordem pessoal.

Sobre seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo das eleições do ano passado, mesmo depois de Bolsonaro apoiar outro nome para o governo de Goiás, Ronaldo Caiado lembrou que é, possivelmente, o político mais longevo de oposição ao PT e ao Lula, e que, diante da polarização que perdurou até o último minuto da campanha, não teve o mínimo receio de assumir a posição que assumiu, até porque não faz parte da sua personalidade a omissão.

“Veio para o segundo turno Bolsonaro e Lula, e eu apoiei Bolsonaro, apoiei um programa de governo. Essa tese de que eu poderia estar arrependido, isso não faz parte da minha história política. Eu sou um homem que assumo as minhas posições”, defendeu.

Único governador goiano eleito e reeleito em primeiro turno, reconhecido o chefe de executivo estadual mais bem avaliado do Brasil pela média de três pesquisas realizadas por três institutos distintos, com mais de 80% de menções positivas, Caiado, defende o estado democrático de direito e lembra que, nos momentos em que se exigiu a posição do governador do Estado, não se acovardou, tomando as decisões que precisavam ser tomadas, independente se desagradavam a esse ou aquele.

“Eu sempre defendi o estado democrático de direito. Sempre! A vida e o estado democrático de direito sempre serão valores inalienáveis na minha concepção”, e lembrou que foi hostilizado em praça pública por defender as medidas para contenção da Covid-19. “A coragem se mede na hora do enfrentamento. É nesse momento que se mede a independência moral e intelectual de um político”, pontua.

Relação com o governo Lula

A deferência do governador Ronaldo Caiado dispensada ao governo Lula tem sido recíproca. Recentemente, em entrevista à Associação das Rádios Comerciais, o presidente Lula afirmou que dispensará a Goiás um tratamento absolutamente republicano e que tratará o governador goiano com todo o respeito que lhe cabe enquanto governador do estado, que foi eleito democraticamente pelo povo goiano.

“Eu não tenho nenhuma preocupação se o Caiado é de um partido político adversário do meu, o que importa para mim é que o Caiado foi eleito governador do Estado de Goiás. O que importa para mim é que ele foi eleito pelo povo, então vou tratá-lo com o respeito com que tratarei qualquer outro governador”, explicou Lula.

No fim de janeiro deste ano, durante encontro do presidente Lula com os 27 governadores, Ronaldo Caiado recebeu grande parte dos holofotes da imprensa nacional. Durante o discurso, o presidente Lula fez um agradecimento especial ao governador de Goiás pela ação efetiva das forças de segurança do Estado durante os atentados às sedes dos três poderes, em 8 de janeiro, em Brasília.

“O presidente fez esse agradecimento especial ao governador Caiado, que colocou seu batalhão especial em bloqueios nas estradas que dão acesso ao DF, além de ceder contingente para as forças de segurança”, comentou o ministro de Relações Institucionais do governo Lula, Alexandre Padilha.

Cumprindo agenda em Goiânia para o lançamento do PAC em Goiás, pacote de investimentos do governo federal que deve chegar a R$ 98,5 bilhões no estado, Olavo Noleto, secretário-executivo da Secretaria Nacional de Relações Institucionais, falou sobre a relação do governo Lula com o governador Ronaldo Caiado. Segundo Noleto, a relação do governo federal com o governo Caiado está muito boa, muito cordial e muito tranquila.

“Eventuais críticas do governador Ronaldo Caiado ao governo Lula fazem parte do jogo democrático. Quando nós começamos a conversa com Caiado, nós não pedimos nada a ele e continuamos não pedindo nada. A nossa parte nós vamos fazer sempre. Vamos atender Goiás. Ele [Caiado] tem o direito dele, a legitimidade dele”, explicou, em entrevista ao jornal O Popular, quando perguntando como o governo Lula recebia as críticas de Caiado, principalmente, ao texto da Reforma Tributária.

Sobre se a pretensão de Ronaldo Caiado concorrer à sucessão presidencial em 2026, fato já admitido pelo próprio governador goiano em várias entrevistas, poderia, de alguma forma, afetar a até então boa relação administrativa entre o governo Lula e o governo Caiado, Olavo Noleto foi categórico ao dizer que não. Para o secretário, a pretensão de Caiado é absolutamente legítima e até crucial para o fortalecimento da democracia brasileira. Para o representante do governo Lula, é fundamental que as forças democráticas se movimentem.

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