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Política

Enquanto investigações avançam na Câmara, Jovair Arantes tenta passar tranquilidade com CEI da Comurg

O auxiliar de Rogério Cruz disse, em entrevista, que vê a CEI instalada na Câmara Municipal como uma oportunidade de passar a empresa de limpeza urbana da capital a limpo. Vereadores avançam na investigação e apontam repasses feitos à companhia sem a devida contrapartida

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Secretário de Governo do Paço, Jovair Arantes entende que CEI não atinge gestão de Rogério Cruz

O secretário de Governo da Prefeitura de Goiânia, Jovair Arantes (Republicanos), disse, em entrevista à jornalista Cileide Alves, do jornal O Popular, que vê com muita tranquilidade o andamento dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão Especial de Inquérito (CEI), instalada na Câmara Municipal de Goiânia para investigar supostas irregularidades na Companhia de Limpeza Urbana de Goiânia (Comurg). Para Arantes, essa é uma oportunidade de rever eventuais erros que precisam ser reparados na organização administrativa da empresa estatal goianiense.

“A Comurg é uma empresa pública que presta relevantes serviços para a Prefeitura de Goiânia. Historicamente, a empresa tem problemas crônicos, que vêm sendo arrolados pelas várias gestões que passaram pelo Paço. Agora, a Câmara Municipal decide fazer uma investigação mais profunda, e nós, o prefeito Rogério Cruz, achamos que isso é positivo. É papel do vereador fiscalizar”, explicou.

A aparente tranquilidade de Jovair Arantes, no entanto, é apontada, nos bastidores, como um esforço para passar confiança à opinião pública, e seria uma forma de não admitir que a CEI é sim um “calo no sapato” do prefeito Rogério Cruz. Há uma semana do início dos trabalhos, os vereadores avançam nas investigações e já encontraram indícios de graves irregularidades na companhia, que envolveriam a atual administração da empresa e a própria Prefeitura de Goiânia.

Segundo a comissão, que já ouviu o presidente da Comurg, Alisson Borges, a companhia de limpeza acumula passivos de mais de R$ 10 milhões com o Imas, instituto de Assistência Médica dos Servidores Municipais de Goiânia, além de ter recebido da Prefeitura, de forma antecipada, algo em torno de R$ 16 milhões em pagamento para execução de obras que não foram entregues.

Para especialistas, esse fato pode caracterizar improbidade administrativa do gestor municipal, uma vez que não se cumpriu o rito imposto ao administrador público para o pagamento de obras e/ou serviços. Segundo a regra, o ente público precisaria primeiro, empenhar o valor a ser pago, liquidar esse valor, que implicaria na entrega dos bens ou serviços, e, por último, efetuar o pagamento propriamente dito.

Fracasso na interlocução

Para alguns vereadores, a atuação de Jovair Arantes acabou por dificultar ainda mais a relação, já desgastada, do Paço com a Câmara de Vereadores. Segundo eles, o secretário de Governo do município, já nas suas primeiras intervenções como auxiliar do Paço, teria agido para diminuir o papel dos vereadores e reduzir a importância das críticas que eles vêm fazendo à administração de Rogério Cruz, cuja percepção geral é de inação com os problemas que afligem a cidade. Depois da sua primeira reunião com os vereadores, Jovair disse que a capital “estava tendo prefeito demais” e que a cidade não poderia ter “várias prefeituras, prefeitinhos” no comando da gestão. A fala gerou descontentamentos.

Para a cientista política Ludmila Rosa, em entrevista ao JA2 da TV Anhanguera, é nítida a dificuldade da gestão Rogério Cruz em relação ao legislativo municipal. Para a especialista, o fato do Paço estar há mais de três meses sem enviar um único projeto à Câmara deixa evidente o apagão que tomou conta da administração municipal e revela falta de apoio político ao prefeito da capital.

“Mesmo os projetos que já estavam tramitando têm dificuldades de avançar, e o próprio Paço tem o entendimento que este não é o momento político para se colocar novas agendas na Câmara. Então, me parece que a cidade está parada por uma questão política, e não, efetivamente, porque não tem nada para ser feito. Há muito a ser feito, mas o prefeito não encontra respaldo político para fazê-lo”, avalia.

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