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Artigo de Opinião

“A democracia sempre vence!”, por Fabrício Carvalho

“Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo” – Ulysses Guimarães

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A última segunda-feira (12/12) foi um dia cujos fatos repercutirão por muito tempo em nossa história. Os dois lados de uma mesma moeda chamada “Brasil” foram expostos para o mundo.

O lado democrático foi a diplomação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do seu vice Geraldo Alckmin (PSB), eleitos com mais de 60 milhões de votos, o outro lado, aterrorizante, com cenas estarrecedoras de violência pelas ruas da capital do Brasil, foi promovido por seguidores do presidente Jair Bolsonaro.

Presidente Lula, na cerimônia de sua diplomação, não escondeu a felicidade e a emoção de ocupar pela terceira vez o cargo mais importante da república, ao mesmo tempo mostrou-se afincado na defesa da democracia e das suas instituições brasileiras.

“É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil – em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro.” Luiz Inácio Lula da Silva

Porém não perpassa pela minha mente a dúvida, e com todo respeito ao diplomado presidente Lula, que Alexandre de Moraes roubou a cena. O excelentíssimo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reafirmou a importância do combate às fakes news, a lisura das urnas eletrônicas e ressaltou ainda que irá punir, nos rigores da lei, quem atentar contra a democracia e o estado de direito.

“Essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da democracia contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra os discursos de ódio proferidos por diversos grupos organismos que, já identificados, serão integralmente responsabilizados para que isso não retorne nas próximas eleições”, afirmou Alexandre de Moraes, presidente do TSE.

O Terror

Após a diplomação do presidente Lula, início da noite de segunda-feira (12/12), por volta das 20h30, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro iniciaram manifestações na Esplanada dos Ministérios e na parte Norte da cidade de Brasília. Provocaram tumulto e destruição e disseminaram o pânico entre a população. Pessoas procuraram abrigos em hotéis e nos shoppings da cidade. Um grupo de bolsonaristas adentrou em uma churrascaria e aos gritos ameaçou os clientes. Os extremistas atearam fogo em oito veículos. Cinco ônibus foram destruídos, sendo quatro totalmente consumidos pelo fogo. Um posto de gasolina foi parcialmente destruído e várias lojas também tiveram suas fachadas danificadas.

A justificativa para todo esse cenário apocalíptico foi a prisão do Cacique Serere Xavante, apoiador do presidente Bolsonaro e um dos líderes das manifestações antidemocráticas.

O bolsonarismo só quer uma desculpa para o caos.

É uma ironia um líder indígena incitar toda essa revolta entre os extremistas em Brasília. A verdade é que Bolsonaro nunca se preocupou com os povos indígenas. Mesmo antes de candidatar-se à presidência, Bolsonaro manifestava posição contrária no que diz respeito a demarcação das terras indígenas, onde garimpeiros não poderiam atuar.

A falta de proteção das terras indígenas levou ao sofrimento, fome e morte dos povos originários, principalmente os Yanomami. O conflito indígena no Brasil correu o mundo com o desaparecimento e assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na terra indígena Vale do Javari.

Os atos antidemocráticos não iniciaram ontem, ao contrário, Bolsonaro nunca foi um liberal, no máximo uma cópia malfeita e deturpada do ditador Pinochet.

Uma definição simples sobre o liberalismo, segundo seus principais teóricos, seria uma doutrina que luta pela liberdade e pelos direitos individuais, pela igualdade perante a lei, pela proteção da propriedade privada e pelo livre comércio.

Um verdadeiro liberal não espalha o terror, não destrói propriedade privada e não defende golpe militar.

Bolsonaro, em seus últimos dias de governo, deixa claro sua natureza golpista, um comportamento antirrepublicano, sem apreço pela Constituição e que acredita na truculência como modo de alterar os resultados das urnas. É perceptível diante dos acontecimentos que o atual presidente da república crê que o caos é o melhor caminho para o golpe.

Não nos enganemos, quem está acampado na porta dos quartéis pedindo intervenção militar não são manifestantes, são criminosos, parte de um movimento golpista organizado, com financiamento empresarial, que não aceita o resultado legítimo das urnas.

O que temos para o momento é acreditar nas instituições brasileiras, no aclamado discurso de Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação, no inquérito das fake news em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal) e na promessa de Flávio Dino, que culpados por atos antidemocráticos em Brasília serão responsabilizados e punidos posteriormente.

A violência do fascismo brasileiro enterrou de vez o discurso liberal dos bolsonaristas, mas que fique bem claro, foi uma noite de esperança para quem ainda sonha com a intervenção militar.

Fabrício Carvalho é graduado em História pela UFG, analista de Redes Sociais e estudante de Jornalismo

 

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