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Política

Em busca de discurso, oposição a Ronaldo Caiado erra ao comparar gestões, dizem analistas

Ainda procurando espaços a partir da configuração política estabelecida após o período da janela partidária, a oposição goiana busca meios de se inserir no debate eleitoral e estabelecer um discurso que possa fazer frente ao atual governador do Estado, pré-candidato à reeleição em outubro próximo. A avaliação, no entanto, é que a estratégia dos principais adversários de Caiado, buscando comparar sua gestão com as anteriores, revela-se contraproducente

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Com avaliação positiva próxima de 60%, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, Ronaldo Caiado (UB) é o candidato a ser batido nas próximas eleições para governador do Estado, e a tarefa não parece fácil. Com o início da veiculação das primeiras pílulas partidárias na televisão, o que se vê são pré-candidatos adversários do atual governador ensaiando discursos que possam inseri-los no debate eleitoral que vai, com certeza, conduzir toda campanha, que se inicia a partir da segunda quinzena de agosto próximo.

Nos bastidores da política goiana, o que se pergunta é que argumentos a oposição goiana vai usar para convencer o eleitor goiano da necessidade de trocar o atual gestor, negando-lhe um segundo mandato. Para analistas, essa tarefa não será fácil, uma vez que há realizações do atual governo muito visíveis aos olhos da população, a começar pelo grande volume de programas sociais lançados por Caiado e que, num momento de retração econômica agravada pela grave crise sanitária que tomou o mundo, assume substancial importância na vida dos mais vulneráveis, principalmente.

Terra arrasada

No geral, a avaliação é que, nesse primeiro momento, o PSDB, representado por Marconi Perillo, ex-governador do Estado por quatro mandatos, erra ao forçar a comparação entre suas gestões e a administração de Ronaldo Caiado. Segundo quem discute a política, é quase impossível para os tucanos desconstruir toda a narrativa de “terra arrasada”, embasada na realidade e em documentos oficiais, deixada pelo governo que se encerrou em 2018. O grave déficit nas contas públicas, que inviabilizou, inclusive, o pagamento da folha de novembro e dezembro de 2018, foi atestado pela área técnica do Tribunal de Contas do Estado e é um fato que foi percebido muito claramente pelos servidores e pela população de Goiás.

Para analistas, a comparação entre as duas gestões é contraproducente para a oposição, uma vez que nas áreas mais demandadas da administração, como segurança pública, saúde e educação, a gestão de Ronaldo Caiado avançou substancialmente concomitante ao reequilíbrio das contas públicas. Se nos dois últimos mandatos de Marconi Perillo Goiás escalou o ranking de estados mais violentos do país – o Estado chegou a ser o 3º mais violento em 2015 -, a gestão Caiado é reconhecida como referência em segurança pública no país. A redução dos índices de criminalidade no Estado nos três primeiros anos da gestão do pré-candidato do União Brasil foram expressivas, chegando a quase 60% nos casos de crimes letais intencionais.

Na perspectiva da situação, ou seja, do governador Ronaldo Caiado, sobretudo pelo fato de que a eleição assume um caráter plebiscitário, onde o eleitor vai dizer se concorda ou não com o que tem sido feito até o momento, a estratégia mais acertada é mesmo a de mostrar as realizações, os avanços e as dificuldades herdadas da gestão passada. Nesse ponto, Caiado acerta ao levar para a população mensagens que explicitam suas realizações, como a regionalização da saúde, o aumento do número de UTIs no Estado, os avanços na Educação e os programas sociais. Em suma, seria dizer ao eleitor: “se com toda dificuldade que pegamos o Estado nós fizemos tudo isso, imaginem iniciando a gestão com a contas equilibradas?”.

A oposição precisa entender, dizem esses mesmos analistas, que foram justamente as deficiências administrativas das gestões passadas, identificadas pelo eleitor, que favoreceram a eleição de Ronaldo Caiado ainda no primeiro turno em 2018. Diante dessa constatação, dizem, é absolutamente inviável a oposição estabelecer um discurso de comparação, porque acabaria resgatando as mesmas deficiências que a levaram à derrota no pleito passado. Na prática, essa estratégia soaria muito mais como um apelo ao retrocesso do que de avanço administrativo.

Gustavo Mendanha

Quanto às ações desenvolvidas por Gustavo Mendanha, pré-candidato do Patriota ao governo de Goiás, até aqui, a avaliação é de que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia sofre as consequências de seus próprios erros, já que não teria conseguido aglutinar as forças políticas de oposição ao governador Ronaldo Caiado ao seu projeto político. Ao insistir no apoio do presidente Jair Bolsonaro, que não veio, Mendanha acabou ficando isolado. Com uma estrutura político/partidária pequena, o pré-candidato do Patriota ainda não encontrou o tom do seu discurso.

Ao pessoalizar suas críticas a Caiado, o que descaracteriza o debate político, Mendanha mostra-se ávido pelo enfrentamento e acaba cometendo equívocos que deslegitimam seu discurso oposicionista, apontado como incoerente nos bastidores da política goiana. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia tem mais dificuldades de estabelecer uma retórica consistente porque, avaliam os analistas, precisa cuidar de não validar o discurso dos seus adversários também oposicionistas, o que poderia ser entendido como de apoio ao retrocesso, e ainda assim convencer o eleitor de que o atual governo não pode continuar.

Campanha

A campanha propriamente dita começa a partir da segunda quinzena de agosto e até lá os pré-candidatos buscam consolidar as alianças partidárias que serão efetivamente definidas nas convenções. É bom lembrar, também, que as eleições majoritárias ocorrem concomitantemente às eleições proporcionais, pleito que muitos partidos assumem como prioritário para a própria sobrevivência. Com o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais, os partidos buscam caminhar ao lado de chapas majoritárias com maior densidade eleitoral, o que pode favorecer as eleições para deputados.

Dessa forma, quem conta com uma maior base de apoio, em tese, leva vantagem. Por ora, Ronaldo Caiado é o que reúne o maior número de apoiadores em todo Estado – são 12 partidos e cerca de 207 prefeitos – e é o que aparece melhor colocado nas pesquisas de intenção de voto, com chances, inclusive, de repetir o feito de 2018 e vencer a disputa ainda no primeiro turno, segundo esses levantamentos.

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