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Política

“O espírito do meu pai está na história e na vida goianiense”, escreve Ana Paula Rezende

Em homenagem aos 90 anos de Goiânia, cidade que seu pai, o ex-prefeito Iris Rezende Machado, governou por quatro mandatos, Ana publicou artigo em que fala da saudade e da certeza que Iris continua zelando pela cidade que ele amou e cuidou por mais de 60 anos de vida pública

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Ana Paula Rezende: "Meu pai trabalhava no presente olhando para o futuro. Mas em nenhum momento deixava de atentar aos detalhes"

A empresária e advogada Ana Paula Rezende, filha do ex-governador e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado, em homenagem aos 90 anos de Goiânia, cidade que seu pai administrou por quatro mandatos, publicou artigo no qual relata o amor e cuidado do ex-prefeito pela capital fundada por Pedro Ludovico, mas construída, em grande parte, pelo próprio Iris Rezende, tal como descreve no texto publicado no Jornal O Popular, edição do último dia 24 de outubro.

“Meu pai é um homem de grandes obras. Mil casas em um dia. Grandes avenidas e estradas. Viadutos, pontes, água tratada e energia elétrica para muitas gerações. Ele trabalhava no presente olhando para o futuro. Mas em nenhum momento deixava de atentar aos detalhes”, pontua a filha saudosa.

Natural de Cristianópolis, cidade a 90 km de Goiânia, Iris Rezende nasceu no mesmo ano da fundação de Goiânia, em 1933. Para Ana Paula, isso não é coincidência, mas um “carinho de Deus” a ele e aos goianienses. “A mãozona de Deus mesmo, como meu pai dizia, no destino da nossa capital e de seu mais icônico gestor. Assim como podemos sentir em todo canto da nossa cidade querida, a mãozona de um Iris que vive nas grandes e nas pequenas conquistas dos goianienses”, escreve.

Iris chegou em Goiânia aos 15 anos. Veio estudar, como ele próprio costumava contar. Iniciou sua carreira política nos grêmios estudantis do Lyceu de Goiânia e da Escola Técnica de Campinas. Em 1958, foi eleito o vereador mais bem votado da capital e assumiu a presidência da Câmara Municipal. Em 1962 foi eleito deputado e em 1965 prefeito de Goiânia pela primeira vez. Cassado em 1969 por força do Ato Institucional nº 5, editado um ano antes pelo presidente militar Arthur da Costa e Silva, Iris teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos, mas voltou em 1982, após a anistia, para vencer as eleições daquele ano para governador do Estado, numa das mais emocionantes campanhas eleitorais já vistas em Goiás.

Iris foi também ministro da Justiça e da Agricultura. Governou o estado por dois mandatos, foi senador da República e eleito prefeito por mais três vezes: em 2004, 2008 e 2016. Deixou a vida pública, mas não a política, ao final de 2020, celebrado pela excelente gestão à frente do executivo municipal. Iris morreu em 9 de novembro de 2021, depois de 90 dias internado para tratamento das consequências de um AVCH, sofrido em 6 de agosto do mesmo ano.

Para Ana Paula, no entanto, apesar do seu pai não estar aqui, “o seu espírito está na história e na vida goianiense. Os dois estão mais vivos do que nunca. Goiânia vai crescer como um corpo saudável e carregado do amor plantado na sua origem. Um corpo que tem em Iris uma alma universal.”, assegura. A emedebista agradece aos goianos e goianienses, e diz que está cuidando da história do seu pai e, assim, também do futuro de Goiânia.

“Quando digo que estou cuidando da história de meu pai, estou cuidando também do futuro da nossa cidade. Eu e meus irmãos só temos a agradecer a Deus, ao nosso pai, aos goianienses, aos goianos e ao povo brasileiro. Diante do amor que aprendemos em casa a ter por esta cidade, sentimos, na prática como irmãos em Iris. Sua oração diária terminava assim: “Peço a Deus pela vida do Cristiano, da Ana Paula, da Adriana e pela nossa querida Goiânia”. Num pedido de pai pelos filhos amados”, relembra.

Leia o artigo na íntegra

Goiânia nos mínimos detalhes

Todo santo dia era a mesma coisa: meu pai saía de casa cedo, ia pro Paço, almoçava em casa, a tarde estava de volta ao Paço e se esforçava sempre pra sair antes da noite chegar. Nessas idas e vindas, embora o destino fosse o mesmo, os caminhos se alternavam. Ele gostava de escolher trajetos distintos, e ia observando as ruas e calçadas.

Se via sacos de lixo largados, ligava logo para o presidente da Comurg. Se a rua tinha buracos, o secretário de Infraestrutura era provocado na hora a resolver o problema. Tinha dia que ele percorria toda região noroeste e só depois rumava para a prefeitura. Não sem antes observar cada detalhe dos bairros. Às vezes parava, conversava com as pessoas, ouvia reclamações e reivindicações. Dava voltas para chegar ao seu gabinete, e nessas voltas a cidade ganhava qualidade com seu zelo.

Meu pai é um homem de grandes obras. Mil casas em um dia. Grandes avenidas e estradas. Viadutos, pontes, água tratada e energia elétrica para muitas gerações. Ele trabalhava no presente olhando para o futuro. Mas em nenhum momento deixava de atentar aos detalhes. Como quando alguém chegava em seu gabinete e ele fazia questão de oferecer o pão de queijo feito com o leite das vacas gir, lá da fazenda de Guapó. O cuidado com todos e a atenção a cada um em particular, coisa de goiano, eram marcas de seu jeito de ser e governar.

Muitos amigos ficam admirados com o fato de ele e Goiânia terem a mesma idade. Não há nada extraordinário nisso. Vejo como um carinho de Deus a ele e aos goianienses. Por que não? Um detalhe divino. A mãozona de Deus mesmo, como meu pai dizia, no destino da nossa capital e de seu mais icônico gestor. Assim como podemos sentir em todo canto da nossa cidade querida, a mãozona de um Iris que vive nas grandes e nas pequenas conquistas dos goianienses.

Para Goiânia, 90 anos é muito pouco, embora tenham sido grandes os avanços até aqui. E me alegra poder dizer, como filha orgulhosa – filhos, porque sei que meus irmãos sentem o mesmo -, que apesar de meu pai não estar aqui, o seu espírito está na história e na vida goianiense. Os dois estão mais vivos do que nunca. Goiânia vai crescer como um corpo saudável e carregado do amor plantado na sua origem. Um corpo que tem em Iris uma alma universal.

Quando digo que estou cuidando da história de meu pai, estou cuidando também do futuro da nossa cidade. Eu e meus irmãos só temos a agradecer a Deus, ao nosso pai, aos goianienses, aos goianos e ao povo brasileiro. Diante do amor que aprendemos em casa a ter por esta cidade, sentimos, na prática como irmãos em Iris. Sua oração diária terminava assim: “Peço a Deus pela vida do Cristiano, da Ana Paula, da Adriana e pela nossa querida Goiânia”. Num pedido de pai pelos filhos amados.

Lembro que ele falava que em sua vida sentia a todo instante essa mãozona de Deus, por isso as coisas aconteciam a seu favor e ele se sentia tão abençoado. Pois digo o mesmo: eu, você, os nossos vizinhos de hoje e amanhã, sempre sentiremos a mãozona de Iris na Goiânia que amamos e que nos faz amar cada esquina de sua memória. Olhe em volta: ele está aqui comemorando com a gente. Parabéns, Goiânia! Que Deus nos abençoe sempre.

Ana Paula Rezende, advogada e filha do ex-prefeito Iris Rezende Machado

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