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Cidades

Jornalista lembra que é preciso ter empatia com um pai que perde o filho

Cileide Alves, uma das jornalistas mais respeitadas do estado de Goiás, que também já sofreu a dor de perder um filho ainda jovem, disse que aqueles que não conseguem separar o político do pai desolado pela morte de um filho são pessoas que não têm sentimentos, não têm compaixão. De acordo com Alves, “as pessoas precisam sentir essa empatia. É preciso se colocar no lugar desse pai, dessa mãe, das irmãs e de toda família”

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A jornalista Cileide Alves, uma das mais conceituadas profissionais da comunicação goiana, abordou, durante o seu programa Plural, um podcast da CBN Goiânia, que foi ao ar na manhã da última segunda-feira (04/07), o delicado tema da superação que um pai, ou uma mãe, busca ao perder precocemente um filho. Cileide, que também já sofreu a dor de perder um filho ainda jovem, tratou da falta de empatia de alguns internautas com Ronaldo Caiado, governador do Estado de Goiás, e Thelma Gomes, pais de Ronaldo Ramos Caiado Filho, que morreu no último domingo (03/07), aos 40 anos.

Para a jornalista, aqueles que não respeitam a dor de quem perdeu um filho, que não conseguem separar o pai do político, são pessoas que não têm sentimentos, que não têm compaixão. Embora a grande maioria dos goianos tenha se solidarizado com Caiado e Thelma Gomes, foi possível ver publicações nas redes sociais que desprezaram totalmente o momento de dor pelo qual passam os familiares, caracterizando uma absoluta falta de respeito aos pais, familiares e amigos de Ronaldo Filho.

“Hoje é dia de falar de luto, infelizmente. A dor da perda de um filho, ela costuma ser um divisor de águas na vida de um pai e de uma mãe, porque o mundo no qual viviam esse pai e essa mãe, ele evapora de um momento para outro”, explica. Para Cileide, o trauma que a pessoa que perdeu um filho sofre faz com que haja um deslocamento dentro de si e o mundo já não é visto mais como era antes.

“O trauma trinca o mundo de quem sofre essa profunda perda. Ao longo da vida, a gente sofre algumas perdas, como um emprego, um namorado, mas que são perdas reparáveis. No entanto, essa perda que sofreu a família do governador Ronaldo Caiado é uma perda que não tem como reparar, e só resta à pessoa que passou por isso construir um mundo interno novo. E essa construção não é imediata, vai demandar um longo processo interno que vai variar de pessoa para pessoa”, ensina.

Segundo Cileide, o luto é exatamente fazer esse processo de cura interna. Nessa fase do luto, explica, a pessoa se sente fora do mundo, deslocada, porque o mundo, na sua concepção, não cabe mais dentro dela. Para algumas pessoas o luto é rápido, para outras dura a vida inteira. A jornalista lembra, também, que não se pode esquecer que quem enterrou o filho não foi o governador do Estado, mas sim o pai Ronaldo Caiado. “As pessoas precisam sentir essa empatia com os pais e toda família. É preciso se colocar no lugar desse pai, dessa mãe, das irmãs e de toda família”, pontua.

Quanto ao papel da imprensa em episódios como esse, Cileide lembra que cabe aos profissionais da imprensa buscarem as informações, mas que compete exclusivamente à família a opção de divulgá-las. Para a jornalista, “não interessa à curiosidade pública o motivo da morte de ninguém”, e é preciso respeitar o momento de dor.

Ouçam a entrevista completa clicando aqui

 

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