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Política

Possível aliança entre Adriana Accorsi e Vanderlan será um movimento difícil de ser explicado para o eleitor

Avaliação de especialistas é de que quando o pragmatismo é demais escancara o fisiologismo e o interesse pessoal pelo poder. De viés bolsonarista até o ano passado, o senador do PSD é sondado pelo PT de Adriana Accorsi, partido historicamente de esquerda, para compor aliança com vistas à eleição para prefeitura de Goiânia

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Adriana Accorsi, pré-candidata do PT à prefeitura de Goiânia, aposta em aliança com o senador Vanderlan Cardoso (PSD), apoiador de Jair Bolsonaro

Definido como corrente de ideias que prega que a validade de uma doutrina é determinada pelo seu bom êxito prático, o pragmatismo político implica, em tese, na busca de solução prática e eficiente para determinados problemas comuns a uma sociedade, pautando-se pelos resultados em detrimento apenas do viés ideológico.

Assim, os políticos pragmáticos estariam dispostos a adaptar suas estratégias de acordo com as circunstâncias na busca de saídas para alcançar seus objetivos. No entanto, analistas avaliam que é muito tênue a linha que separa o pragmatismo político, prática guiada pela necessidade de solucionar problemas de interesses públicos, e o fisiologismo, que tem como objetivo primeiro a satisfação pessoal do próprio político.

A possível aliança entre o senador Vanderlan Cardoso (PSD) e a pré-candidata a prefeita de Goiânia pelo PT, deputada Adriana Accorsi, composição que tem sido ventilada pela imprensa, chama atenção pela distância ideológica que separa os dois políticos. Bolsonarista de quatro costados, Vanderlan Cardoso foi um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro em Goiás, considerado de extrema-direita, tanto que optou por apoiar o capitão nas eleições de 2022, em detrimento do apoio ao governador Ronaldo Caiado (UB), que havia o apoiado nas eleições municipais de 2020.

Na avaliação de analistas e cientistas políticos, uma aliança entre Vanderlan e Adriana será um movimento difícil de ser explicado ao eleitorado, e pode passar a ideia de que o que os políticos buscam não é outra coisa senão o poder. Segundo os especialistas, esse pragmatismo exacerbado pode passar a ideia de fisiologismo, caracterizado pela troca de favores por apoio político, e tanto Vanderlan quanto Adriana Accorsi podem não ser bem compreendidos pelo eleitor da capital.

Dificuldades de Vanderlan

Presidente do PSD em Goiás, Vanderlan vive o dilema de um dirigente que assiste seu partido bem acomodado na base do governador Ronaldo Caiado, sem, contudo, fazer parte dessa base. Distante politicamente de Caiado desde o fim das eleições de 2020, quando recebeu o apoio do governador e não retribuiu esse apoio nas eleições de 2022, o senador ainda não se decidiu sobre uma nova candidatura para prefeito em Goiânia, sobretudo, dizem os analistas, porque não vislumbraria, no momento, estrutura política/partidária suficientemente capaz de sustentar uma candidatura minimamente viável.

Com o partido integrado à base do Governo e seus principais nomes contemplados na gestão caiadista, Vanderlan também está órfão do bolsonarismo na capital, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro já indicou que apoiará o candidato do seu partido, o PL, em Goiânia. Esse fato, maximizado pela difícil possibilidade dele ser o candidato da base governista, pode ser a motivação para que o senador do PSD acene com a hipótese de se unir ao PT, buscando, entretanto, apoio para uma eventual candidatura ao governo de Goiás em 2026.

O distanciamento do PSD do senador Vanderlan Cardoso com Jair Bolsonaro ficou evidente desde o fim da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos, encerrada em novembro do ano passado, e que terminou com o apoio do PSD ao relatório final que indiciou Bolsonaro em ao menos cinco crimes.

Embora seja considerado um forte candidato para a disputa municipal, principalmente pelo seu recall das últimas eleições em Goiânia, a avaliação é que a falta de uma estrutura partidária, de alianças que reúnam chapas competitivas de vereadores e proximidade com demais lideranças, pode dificultar a caminhada de Vanderlan e sua chegada a um eventual segundo turno das eleições em Goiânia.

Esses mesmos analistas avaliam que a dificuldade que o pessedista, em tese, enfrenta hoje é consequência da sua própria trajetória política, que não se ocupou de consolidar um grupo político, o que é imprescindível numa disputa majoritária.

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