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Política

Contrassenso: Marconi, que processou mais de 60 pessoas por críticas a seu governo, alega que Caiado tenta censurar imprensa

Principalmente no seu terceiro mandato como governador de Goiás, entre 2011 e 2014, o tucano se notabilizou por processos contra os críticos do seu governo, incluindo políticos, jornalistas, blogueiros, tuiteiros, membros do Ministério Público e pessoas do povo. Ao contrário do ex-governador, até agora não se tem notícias de que Ronaldo Caiado teria processado jornalistas ou veículos de comunicação

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Marconi Perillo, enquanto governador de Goiás, processou mais de 60 pessoas em Goiás, muitas delas mais de uma vez

Durante entrevista à jornalista Cileide Alves, do jornal O Popular, nesta terça-feira (31/10), o ex-governador Marconi Perillo, presidente do PSDB goiano, acusou o atual governo de Goiás de tentar censurar a imprensa. Para o tucano, o governo de Ronaldo Caiado (União Brasil) agiria para evitar a ação da oposição no estado. Marconi não apresentou provas das acusações, e sua fala foi considerada por governistas, um contrassenso. Segundo aliados do atual governo, a incoerência do tucano fica patente quando se revisita a história recente de Goiás, época em que Marconi era o governador e a judicialização da opinião se tornou regra no estado.

Durante seu terceiro mandato (2011-2014), o tucano processou mais de 60 pessoas, entre jornalistas, políticos, promotores, blogueiros, tuiteiros, professores e outras pessoas do povo por críticas ao seu governo. Na época, o governo de Perillo enfrentava graves acusações de esquemas de corrupção, crimes esses que vieram à tona por ações da Polícia Federal, naquela que ficou conhecida como Operação Monte Carlo.

Vários jornalistas com atuação na editoria política do estado foram processados na área cível e penal por Marconi Perillo, que, sob alegação de danos morais, exigia vultosas quantias à título de indenização. Em decorrência de opiniões contrárias ao seu governo, o tucano levou aos tribunais blogueiros, tuiteiros, promotores de Justiça, professores e pessoas do povo, numa clara tentativa de calar seus críticos. A prática era vista como uma estratégia do tucano para evitar críticas contundentes, já que o elevado custo dos litígios inviabilizava a publicação de matérias, principalmente as opinativas, contrárias ao governo, uma vez que elas poderiam ensejar novos processos por parte do então governador.

Marconi Perillo disse à entrevistadora que sua diferença para Ronaldo Caiado residiria, sobretudo, no respeito e na tolerância, e citou sua convivência política com o ex-governador e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado, morto em novembro de 2021. Segundo Marconi, ele sempre manteve com o emedebista, apesar de três disputas diretas pelo governo, em seis turnos de eleições, uma relação cordial, de respeito e de tolerância. Mas a verdade não é bem essa.

Iris Rezende Machado e sua esposa, Dona Íris de Araújo, que também faleceu em fevereiro último, foram duas vítimas de processos impetrados por Marconi Perillo. Dona Íris, por exemplo, foi processada pelo tucano por ter repostado um tuíte crítico à sua gestão. Em ambos os casos, a justiça julgou improcedente as ações impetradas por Marconi Perillo. Desde 2019, o tucano moveu ao menos seis ações contra o governador Ronaldo Caiado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), todas elas rejeitadas por inépcia da inicial e a ausência de justa causa por atipicidade dos fatos narrados.

Além de Iris Rezende, Ronaldo Caiado e Dona Íris, também foram processados por Marconi Perillo políticos como Antônio Gomides, Ernesto Roller, Alcides Rodrigues, Mauro Rubem, Rui Falcão, Kid Neto, Luiz Juvêncio, Karlos Cabral, Jorge kajuru e Major Araújo. Os jornalistas goianos Luiz Carlos Bordoni, Fabiana Pulcinelli, Jorge Kajuru, Lênia Soares, Henrique Morgantini e Nilson Gomes também responderam na justiça às críticas feitas ao homem público Marconi Perillo.

Caius César Brandão, filósofo e estudante, Cloves Reges, blogueiro, o Professor da rede estadual de ensino Marcos Roberto dos Santos, Carlos Eduardo da Silva Lima e a assessora política Cristina Kot também foram processados por Marconi. Além de todos já citados, o então promotor de Justiça, hoje procurador, Fernando Krebs, e os advogados Kowalski Ribeiro e Marcus Vinicius de Faria Felipe são outros que estão na lista de processados por Perillo. A sanha judicializante de Marconi alcançou também os aplicativos sociais Facebook e o Twitter, além do Jornal o Parlamento, Editora Confiança e Wikipédia, a enciclopédia livre e gratuita que reúne, entre outras, informações sobre políticos de todo o mundo.

Ao contrário de Marconi Perillo, não se tem notícias de que o atual governador Ronaldo Caiado tenha processado nenhum jornalista ou veículo de imprensa nesses quase cinco anos de gestão.

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