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Política

Vanderlan aposta em um eventual 2º turno na eleição para prefeito de Goiânia em 2024

Disposto a se lançar candidato a prefeito da capital pela terceira vez, o senador do PSD enfrenta, a priori, dificuldades para formar uma estrutura partidária de apoio visando o primeiro turno da eleição municipal do ano que vem. Longe da base governista e com a recusa de Bolsonaro em apoiar o PSD, a esperança de Cardoso é chegar no segundo turno e aí sim buscar alianças com os demais partidos

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Vanderlan Cardoso, senador pelo PSD, deve tentar, pela terceira vez, a prefeitura de Goiânia no ano que vem. Foto: Fábio Lima/OPopular

O senador Vanderlan Cardoso, presidente do PSD em Goiás, não descarta disputar, pela terceira vez, a prefeitura de Goiânia. Em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, do jornal O Popular, o senador disse que é natural que o seu nome esteja entre os pré-candidatos à prefeitura de Goiânia para as eleições do ano que vem. Segundo Cardoso, ele já estaria, inclusive, aperfeiçoando o seu plano de governo apresentado nas eleições de 2016 e 2020, para ser apresentado novamente à população goianiense.

Embora lidere o último levantamento de intenção de voto para prefeito de Goiânia, realizado pelo instituto Serpes e divulgado no último sábado (28/10), a falta de uma estrutura partidária suficiente para levá-lo à vitória é um problema para o senador. Vanderlan tem a preferência de 22,8% dos eleitores de Goiânia, segundo a pesquisa Serpes, e é seguido pela petista Adriana Accorsi, que foi citada como a preferida por 18,3% dos eleitores. Em terceiro aparece o bolsonarista Gustavo Gayer, com 14,8%, seguido do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Bruno Peixoto, que vem em quarto lugar com 11,4% das intenções de voto dos entrevistados. A margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Ausente nos eventos em Goiânia que tiveram como estrela principal o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Vanderlan Cardoso alegou choque de agendas. Segundo o senador, compromissos no interior do estado teriam impedido que ele recepcionasse o ex-presidente. Nos bastidores, no entanto, a versão que circulou é que há um clima ruim entre Bolsonaro e integrantes do PSD. O ex-presidente alega que o partido de Vanderlan teria avalizado o relatório final da CPMI dos atos antidemocráticos e contribuído para que ele fosse indiciado em ao menos cinco crimes, que juntos podem render até 29 anos de prisão para o ex-presidente.

Não se sabe exatamente se a relação entre Bolsonaro e Vanderlan Cardoso também esteja abalada, mas o fato é que o ex-presidente fechou as portas do PL, e seu apoio pessoal, para qualquer candidato do PSD, seja em Goiânia ou em outros municípios. O partido de Jair Bolsonaro também lançou seu pré-candidato na capital, e, ainda que consiga se reaproximar de Bolsonaro, é possível que Vanderlan não tenha apoio bolsonarista em Goiânia.

A essa “fechada de porta” de Jair Bolsonaro para o partido de Vanderlan, soma-se o fato de que o pessedista também está longe da base do governador Ronaldo Caiado, ainda que o PSD integre o governo. O distanciamento de Caiado e Vanderlan persiste desde 2021, quando o governador fechou aliança com o MDB e escolheu Daniel Vilela, presidente emedebista, para ser seu vice nas eleições de 2022. Em razão disso, Vanderlan não retribuiu, em 2022, o apoio que tinha recebido de Caiado em 2020, optando por apoiar Major Vitor Hugo, candidato bolsonarista derrotado por Caiado nas eleições do ano passado.

Na entrevista, o próprio Vanderlan reconhece que seria difícil o apoio de Ronaldo Caiado ao seu projeto do ano que vem, mas alega uma outra razão, que não a sua dissidência em 2022, para justificar o distanciamento da base, ao menos no primeiro turno das eleições, já que entende que num eventual segundo turno as coisas mudem. Isso, claro, se um possível candidato da base não estiver na disputa, o que parece pouco provável.

“Eu acredito muito que os partidos, principalmente os maiores, tenham seus candidatos. E o partido do governador tem um nome que tem sido cotado, o do Bruno Peixoto. Os partidos estão se organizando para lançar candidaturas, mas o segundo turno será decisivo, e Goiânia, como teve nas outras vezes, terá segundo turno”, avalia. Além de Bruno, citado por Vanderlan, Caiado e Daniel cogitam o nome do ex-prefeito de Trindade, Jânio Darrot (MDB), para disputar a prefeitura de Goiânia pela base. Darrot, que foi duas vezes prefeito de Trindade, segundo os governistas, teria o potencial de contrapor uma eventual candidatura de Vanderlan, já que ambos teriam um perfil político/administrativo muito parecido.

Vanderlan também minimiza o fato de não ter apoiado o governador Ronaldo Caiado nas eleições do ano passado, e alega que o seu partido, o PSD, não só apoiou a reeleição do governador, como também faz parte do governo. “Eu como senador apoiei outra chapa em 2022, mas o PSD está dentro do governo e ajudou na eleição para governador”, explica. Para justificar uma conversa acerca do pleito municipal do próximo ano com o próprio Caiado e Daniel Vilela, o senador reivindica sua condição de presidente de partido. “Está chegando o momento de nós, como presidentes de partidos, conversarmos sobre a eleição de 2024. Caiado é presidente de partido e eu também, Daniel é presidente de partido e eu também”, frisa.

Para analistas, sem dúvidas, Vanderlan Cardoso é um candidato forte para a disputa pela prefeitura de Goiânia em 2024, o que é demonstrado pelas pesquisas de intenção de voto, principalmente depois da desistência de Ana Paula Rezende (MDB) e da cada vez mais distante possibilidade de Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, poder concorrer na capital. Mas, dizem os especialistas, a falta de uma estrutura partidária, de alianças que reúnam chapas competitivas de vereadores e proximidade com demais lideranças, pode dificultar a caminhada de Vanderlan e sua chegada ao segundo turno das eleições em Goiânia. Esses mesmos analistas avaliam que a dificuldade que o pessedista, em tese, enfrenta hoje, é consequência da sua própria trajetória política, que não se ocupou de consolidar um grupo político, o que é imprescindível numa disputa majoritária.

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