O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e candidato derrotado nas últimas eleições para governador de Goiás, Gustavo Mendanha (Patriota), não descarta a possibilidade de concorrer a prefeito de Goiânia nas eleições de 2024, caso a justiça eleitoral, que está sendo provocada por outros possíveis candidatos Brasil afora, entenda que seja possível sua candidatura na Capital, uma vez que a regra hoje é pela impossibilidade de um candidato, depois de eleito duas vezes consecutivas, concorrer para o executivo de uma outra cidade, ainda mais em se tratando de municípios conurbados, como é o caso de Goiânia e Aparecida de Goiânia.
“Não estou me movimentando para isso e não vou gastar com advogado. Mas se acontecer, vou avaliar. Estou sabendo de outros ex-prefeitos em situação semelhante que estão movendo ações em outros estados. Se alguma dessas ações dessas figuras prosperar, eu tenho que avaliar”, disse Gustavo Mendanha à coluna Giro, do jornal O Popular.
Em julgamento em sede de Recurso Extraordinário, em 2008, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, por maioria dos votos, entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sentido de que se torna inelegível para o cargo de prefeito cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos na chefia de executivo municipal, mesmo que pleiteie candidatura em município diferente. Os ministros reconheceram que essa questão constitucional tem repercussão geral.
Mendanha foi eleito prefeito de Aparecida de Goiânia em 2016, apadrinhado pelo ex-prefeito da cidade por dois mandatos, Maguito Vilela (MDB). Em 2020, ainda no mesmo MDB de Maguito, Gustavo Mendanha foi reeleito para o segundo mandato com 95% dos votos válidos, mas renunciou um ano e três meses depois de tomar posse para se candidatar ao governo de Goiás pelo Patriota. Na eleição de 2022, obteve apenas 25% dos votos e foi derrotado por Ronaldo Caiado (UB), que se reelegeu em primeiro turno com quase 52% dos votos válidos.
O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia deixou o MDB, partido que o projetou para a política, em 2021. Vencido por 92% dos integrantes dos diretórios municipais do partido e por todos os outros 27 prefeitos da legenda, que aprovaram a aliança do MDB com o governador Ronaldo Caiado (UB), Mendanha teve dificuldades de encontrar uma legenda para sustentar seu projeto de chegar ao governo. Depois de várias negativas de partidos mais estruturados, restou ao ex-prefeito o pequeno Patriota, que não foi capaz de lhe dar sustentação política para a disputa.
Cenário
Caso a justiça mude o entendimento e permita sua candidatura, a avaliação nos bastidores é que Mendanha pode esbarrar nas mesmas dificuldades que encontrou no pleito para governador do Estado, ou seja, falta de estrutura política/partidária. Desde que deixou o MDB, Gustavo Mendanha assumiu-se bolsonarista, e é esse comportamento que pode dificultar o seu sucesso numa eventual eleição majoritária na capital, principalmente depois dos eventos do último dia 8 de janeiro.
Mesmo faltando quase dois anos para as eleições, já é nítida a definição de grupos políticos alinhados com o propósito de chegar ao Paço no ano que vem. De um lado, é praticamente certo que um dos candidatos a prefeito de Goiânia sairá da base aliada do governador Ronaldo Caiado, que inclui o próprio União Brasil e o MDB do vice-governador Daniel Vilela. O candidato desse grupo pode até ser o próprio prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, caso ele se apresente com alguma viabilidade eleitoral até lá.
De outro lado, o PL, do senador Wilder Morais, caminha para abraçar uma possível candidatura do também senador Vanderlan Cardoso (PSD), que não esconde o desejo de disputar o Paço pela terceira vez. Há ainda a possibilidade de formação de uma frente ampla dos partidos mais à esquerda, como PT, PSB e PSDB para concorrer à prefeitura de Goiânia. De novo, a formatação política que hoje se apresenta não inclui Mendanha, que pode, mais uma vez, ficar sozinho, caso seja possível e decida mesmo concorrer ao Paço em 2024.
