Há muito, historiadores, pesquisadores, cientistas políticos e jornalistas identificaram práticas fascistas no comportamento adotado por Jair Bolsonaro e seus séquitos. Não obstante, redes de TV, rádios e jornais continuaram tratando o bolsonarismo como se ele estivesse situado dentro do espectro político que norteia a política brasileira. Sob o pretexto de que estariam privilegiando o pluralismo de ideias e a democracia, muitos canais de TV e emissoras de rádios se propuseram a dar voz a bolsonaristas radicais, oportunistas que usaram bem os espaços que lhes foram dados e alimentaram o terror que hoje dá as caras pelas ruas do Brasil.
Derrotado nas eleições para presidente no último pleito, o bolsonarismo não aceitou a derrota, ignorou a vontade da maioria e se colocou como o salvador da pátria. A claque, formada em sua maioria por uma ignorante massa que se diz conservadora, repete “ipsis litteris” o que lhe chega pelas vozes difundidas em redes sociais, canais de TVs e rádios. A crença de que Bolsonaro é o deus que veio salvar o Brasil alimenta a seita fundamentalista, cujos influencers estão diuturnamente em bancadas de jornais falados, em artigos de jornais e outros meios de difusão da escalada golpista.
Reivindicando a garantia constitucional da liberdade de expressão, fundamentalistas reclamam garantias do próprio estado democrático de direito para avançarem sobre a democracia. A cada sensata opinião de que o “o Estado de Direito não pode admitir manifestações golpistas que pedem o fim do próprio Estado de Direito”, bolsonaristas, do alto de bancadas de TVs, dizem-se perseguidos e repetem os mantras que soam como hinos aos ouvidos dos fanáticos entrincheirados. Tudo em nome de deus, pátria, família e liberdade.
Os atos de terrorismo em Brasília, ocorridos em meados deste mês, e a prisão do terrorista integrante do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel General da capital federal, mostram muito claramente que nunca foi pela pátria, por deus, pela família ou pela liberdade. O que alimenta o bolsonarismo é o ódio, o fascínio supremacista, a eugenia social, a vontade de exterminar os contrários e estabelecer a exceção, onde reine absoluto aquela “divindade” chamada Jair Bolsonaro.
A distopia é completa, o comportamento desse povo beira a loucura e o fundamentalismo está instalado. Esse delírio coletivo tem que ser contido com a força estatal necessária, a democracia merece respeito e a ordem pública deve ser mantida usando todas as forças disponíveis de que dispõe o Estado de Direito. É preciso que os responsáveis pelos espaços de comunicação entendam que a democracia não pode servir de muleta para ataques ao estado democrático de direito.