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Artigo de Opinião

Respeitem a memória e o legado de Iris Rezende!

“É preciso respeitar a memória e a história do homem que representa a própria história de Goiânia. Se Pedro Ludovico fundou a capital, Iris Rezende a construiu. Não é crível, não é honesto, não é humano que o nome do político que dedicou 62 anos da sua vida para cuidar de todos os goianos e goianienses, que foi cassado pelo regime militar, que voltou para dar dignidade às famílias, que bradou em praça pública pela volta da democracia, seja jogado no centro de uma contenda, repito, injusta e ignóbil. Respeitem o legado de Iris Rezende, por favor!!”

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Iris Rezende foi prefeito de Goiânia por quatro mandatos e governador do Estado por duas vezes

Iris Rezende Machado dedicou 62 anos da sua vida para cuidar da vida do povo goiano e goianiense. Eleito o vereador de Goiânia mais votado em 1958, o homem que se notabilizou pela luta pela democracia e pela excelência na administração pública foi também deputado estadual, prefeito da capital por quatro mandatos, governador do Estado por duas vezes, senador da República, ministro da Justiça e da Agricultura. É, indiscutivelmente, um dos maiores líderes políticos que o Estado de Goiás já conheceu.

Indigna-me profundamente que esse homem, que nos deixou prestes a completar 88 anos de vida, depois de construir praticamente 70% do que existe em Goiânia, tenha seu nome ‘estrelando” polêmicas desnecessárias, descabidas e de absoluta e injusta ignomínia. Desde sua morte, muitas foram as tentativas de homenageá-lo, é fato, mas aquilo que parecia ser natural, haja vista a importância de Iris para a história de Goiás e de Goiânia, passou a ser um problema e começou a gerar desgastes para a família e para todos aqueles que sempre respeitaram e tiveram consideração com o legado de Iris Rezende.

A tentativa de dar o nome de Iris ao Aeroporto de Goiânia, hoje denominado “Santa Genoveva”, esbarrou em resistência de grupos ligados à Igreja Católica, que entenderam que não seria justo retirar o nome da santa do empreendimento para dar a ele o nome de Iris Rezende, embora exista em Goiânia um setor inteiro com o nome da digníssima santa Genoveva. Depois, lei aprovada na Câmara Municipal deu o nome do ex-prefeito e ex-governador à Avenida Castelo Branco, uma importante via da capital. O prefeito Rogério Cruz, pasmem, vetou a proposta, sob o argumento de que a mudança prejudicaria os comerciantes estabelecidos na avenida. Para piorar a situação, o veto do prefeito foi mantido na Câmara. Depois, o mesmo vereador (Clécio Alves), que havia proposto a primeira homenagem, reapresenta o projeto. Ele é novamente aprovado e, dessa vez, o prefeito sanciona. A Avenida Castelo Branco passa a ser denominada de “Agrovia Iris Rezende Machado”.

Ontem (14/02), no entanto, decisão da juíza Jussara Cristina Oliveira Souza, da 3ª Vara da Fazenda Pública Municipal e Registros Públicos, suspendeu, liminarmente, os efeitos da lei que determinou a mudança do nome da Avenida Castelo Branco para Agrovia Iris Rezende Machado. Data máxima vênia à decisão judicial, os argumentos usados pela magistrada para suspender os efeitos da lei que homenageou Iris são, na minha avaliação, incoerentes e descabidos. Além de representar uma reparação histórica, a mudança do nome da Castelo Branco, que sepultaria a homenagem a um dos ditadores dos anos mais sombrios da história do Brasil, não traria prejuízos de qualquer natureza a ninguém. Em pouquíssimo tempo, e pela importância da via e do homenageado, o nome de Agrovia Iris Rezende seria absorvido naturalmente pelos goianos e goianienses. Na era digital, alterações de endereços demandariam apenas pouquíssimas intervenções em aplicativos e programas de computador.

É preciso respeitar a memória e a história do homem que representa a própria história de Goiânia. Se Pedro Ludovico fundou a capital, Iris Rezende a construiu. Não é crível, não é honesto, não é humano que o nome do político que dedicou 62 anos da sua vida para cuidar de todos os goianos e goianienses, que foi cassado pelo regime militar, que voltou para dar dignidade às famílias, que bradou em praça pública pela volta da democracia, seja jogado no centro de uma contenda, repito, injusta e ignóbil. Respeitem o legado de Iris Rezende, por favor!!

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